
Autor
de mais de 200 romances de aventura e novelas, cuja acção se passava quase
sempre em locais exóticos e os seus heróis eram sempre duma enorme variedade de
culturas. Inspirando-se na literatura estrangeira, jornais, folhetos de
viagens, enciclopédias, etc . , que
depois usava para retratar os mundos das suas personagens. A sua escrita
tornou-se tão popular que o seu editor foi obrigado a contratar outros
escritores para desenvolver as aventuras , escrevendo em seu nome. Neste
esquema foram adicionadas cerca de 50 romances, mas percebia-se a diferença
entre aqueles que foram escritos por outros autores e os que eram escritos pela
pena de Salgari.
Muito
popular em Portugal , Espanha e em países de língua espanhola e lido por
autores latinos de renome mundial como Gabriel Garcia Marquez, Isabel Allende,
Jorge Luis Borges, Carlos Fuentes, Umberto Eco, Pablo Neruda, entre outros, Salgari nunca foi muito do agrado dos
críticos que lhe enxovalharam o trabalho ao longo de toda a sua vida
permanecendo quase ignorado durante grande parte do século XX. Foi somente nas últimas décadas
que a sua obra começou a ser revisitada, com novas traduções. Graças ás adaptações televisivas e cinematográficas de
que algumas das suas obras foram objecto,
é que se pode apreciar a riqueza dos seus enredos e a grandiosidade das
suas personagens.
Emilio
Salgari escreveu vários romances onde conta as aventuras de Sandokan, e Yanez
de Gomera, o aventureiro português, amigo do pirata. Ao longo de onze romances,
assistimos à luta de Sandokan, conhecido como “O Tigre da Malásia”, e dos seus
tigres, contra as forças Holandesas e do Império Britânico que tentam limpar os
mares do oriente da presença dos piratas. Posteriormente assistimos á luta contra James Brooke, Rajá
de Sarawak e inimigo jurado de Sandokan e de toda a pirataria e também vamos á Índia lutar contra os
Tugues, a terrível seita de Estranguladores.
O
primeiro livro da série foi escrito em 1895 e intitulava-se “I Misteri della
Jungla Nera – Os Mistérios da Floresta Negra” e conta a história de
Tremal-Naik, caçador de serpentes que vive na floresta negra e, por amor a uma
mulher, vê-se a braços com a seita dos Tugues. Adoradores da deusa Kali pela
qual matam as suas vitímas estrangulando-as com laços de seda. A história
passa-se na ìndia e apresenta-nos as personagens de Tremal-Naik e o seu fiel
criado Kammamuri, que virão, em outros romances posteriores, a cruzar-se com
Sandokan , tornando-se amigos e viver aventuras inesquecíveis.

Entre
“Os Mistérios...” e “Os Tigres...”, aparece, em 1896, “I Pirati della Malesia –
Os Piratas da Malásia”, que se pode considerar uma sequela (utilizando a
terminologia hoje empregue) dos
romances anteriores, já que os desfechos de um e outro são referidos quando as
vidas de Tremal-Naik e Kammamuri se
cruzam com as de Sandokan, permitindo que entre eles nasça uma amizade que
durará os restantes oito romances da série levando-nos a viver com eles as
aventuras mais emocionantes da série que vão desde a destruição dos Tugues na
ìndia, até à conquista de um Império por amor a uma mulher.
Muitos
autores do final do século XIX escreveram outras aventuras de Sandokan. Autores
como por exemplo Luigi Motta ou Emilio Fancelli, tentaram imitar o estilo de
Salgari: muito movimentado, grandes batalhas sangrentas, violência e, pontualmente, algum humor O seu estilo foi
muito imitado, mas nenhum conseguiu igualar ou duplicar o seu sucesso. O estilo
de Salgari, porém, rapidamente se estendeu ao cinema e á televisão. Os “Western
Spaghetti” de Sergio Leone são disso exemplo. Os fora-da-lei dos seus filmes
são inspirados nas aventuras dos piratas de Salgari.
Em
1976, a mini-série “Sandokan”,
tornava-se um marco na televisão ao ser exibida por toda a europa onde foi
vista por mais de 80 milhões de espectadores. A canção-tema, interpretada por
Oliver Onions , esteve no top 10 da
maior parte dos países europeus onde foi exibida.
No centro da acção dos seis episódios, está o idílio amoroso vivido entre Sandokan, interpretado pelo actor Indiano Kabir Bedi, que viria a ser considerado a quintaessência da personagem e transformou o actor, do dia para a noite, num “sex simbol” da década e Mariana Guillonk, “A Pérola de Labuan”, interpretada pela lindíssima actriz Italiana Carole André (absolutamente divinal quando surge vestida de princesa indiana). Além da história de amor, assistimos também á luta de Sandokan e Yanez, interpretado por Philippe Leroy, contra o Rajá Branco de Sarawak, James Brooke, interpretado por Adolfo Celi, um actor especializado em papéis de vilão.
No centro da acção dos seis episódios, está o idílio amoroso vivido entre Sandokan, interpretado pelo actor Indiano Kabir Bedi, que viria a ser considerado a quintaessência da personagem e transformou o actor, do dia para a noite, num “sex simbol” da década e Mariana Guillonk, “A Pérola de Labuan”, interpretada pela lindíssima actriz Italiana Carole André (absolutamente divinal quando surge vestida de princesa indiana). Além da história de amor, assistimos também á luta de Sandokan e Yanez, interpretado por Philippe Leroy, contra o Rajá Branco de Sarawak, James Brooke, interpretado por Adolfo Celi, um actor especializado em papéis de vilão.

O
sucesso foi tão grande que, um ano depois, a série foi exibida nos estados
unidos, dividida em duas partes, penetrou no mercado americano conseguindo um
sucesso relativo, não tão grande como na europa, mas ainda assim um sucesso. No
mesmo ano, Sergio Sollima ealiza o filme “La Tigre è âncora viva: Sandokan alla
riscossa! – O Tigre de Mompracem”, que é uma sequela à série onde Kabir Bedi,
Philippe Leroy e Adolfo Celi regressam aos seus papéis. O filme torna-se
confuso porque, embora recupere elementos da série, nomeadamente Mompracem é
agora reino de um sultão, amigo de Brooke, traz de volta a personagem de
Tremal-Naik acompanhado do seu criado
Kammamuri, vai buscar elementos que nada têm a ver com a série, como a
personagem de Djamilla, o grego Teotokris ou até os Tugues, são importados de
outros livros e nem sequer são referidos na série. Talvez por isso o filme
tenha passado despercebido aquando da sua estreia e as adaptações dos romances
do pirata tenham sido interrompidas abruptamente.
Em 1991, Kabir Bedi interpreta Kammamuri na
adaptaçãoo televisiva de “Os Mistérios da Floresta Negra”, realizada por Kevin
Connor. A adaptação livre do romance de Salgari não convenceu muito o público,
apesar da forte presença de Bedi, foi mesmo considerada uma traição ao espírito
da obra.
Depois
dum longo interregno, Sandokan voltaria ao pequeno écran em 1996, com “Il
retorno di Sandokan – Sandokan – O Regresso”, pela mão do veterano realizador
Enzo G.Castellari. A acção, desta vez, passa-se na índia e é um Sandokan em
busca de si mesmo que vamos encontrar, o tigre, cansado de anos e anos de lutas e da perda de muitas pessoas que lhe eram chegadas ( Mariana, o grande amor de Sandokan é referido numa breve cena), perdeu a vontade de lutar e
apenas procura um canto para viver. Vem então até ao reino do Assame, onde
Yanez, companheiro de tantas aventuras, governa, juntamente com Surama, a mulher que roubou o coração ao
português. Mas as coisas complicam-se e está um golpe de estado a ser
preparado. Sandokan é chamado para
ajudar e terá de enfrentar um inimigo do seu passado que actua na sombra.
Sómente Kabir Bedi, novamente no papel de Sandokan, regressa para esta
mini-série de fraca qualidade e confusa, principalmente para quem não
conhece os filmes anteriores, já que é inspirada nos vários romances que constituem o ciclo indiano
das aventuras de Sandokan..
Em 1998, Sergio Sollima volta ao universo de
Salgari e realiza “Il Figlio di Sandokan”, uma mini-série em dois episódios e
que conta a história de Ken Hastings, um inglês que chega á Malásia em busca do
seu pai, cujo nome a mãe, antes de morrer, não lhe quis revelar deixando-lhe
apenas um anel com uma cabeça de tigre
que lhe teria sido dado durante uma estadia na Malásia. Quarto capítulo
das aventuras de Sandokan, aparentemente sem nenhuma ligação com os anteriores,
a não ser, claro, Kabir Bedi a interpretar o pirata malaio.
Emilio
Salgari, tal como Júlio Verne ou Alexandre Dumas, para citar os escritores mais
conhecidos, pertence a uma época onde os
valores do cavalheirismo,romantismo, honra e
respeito eram bem marcantes na sociedade e estavam bem patentes nas
obras destes, e de outros, conceituados escritores do séc.XIX. As suas obras
são intemporais, passaram de avós para pais, de geração em geração (pela minha,
inclusive!), ganhando fans que tentam fazer passar a mesma mensagem que lhe foi
transmitida a si, através da leitura destes clássicos, ás gerações seguintes,
mas não tem sido fácil porque cada vez mais se perdem hábitos de leitura, o bom do livro é trocado por uma consola de
jogos ou por um computador com a mais
avançada tecnologia da altura… o que é realmente uma pena!
Nota: As imagens e vídeo que ilustram o texto foram retirados da Internet
Nota: As imagens e vídeo que ilustram o texto foram retirados da Internet
Para complementar o teu excelente texto, resta-me referir que as capas da colecção de Sandokan que saíram pela Europa-América são da autoria de um veterano da BD: José Ruy. Mas Sandokan foi também a inspiração para Nino Milani e Hugo Pratt que chegaram a conceber várias páginas, directamente inspiradas na Pérola de Labouan, que foi também a inspiração da primeira série. Mais recentemente, Santos Costa, fã confesso de Salgari, não adaptou para a BD Sandokan, mas sim Os Piratas do Deserto, do mesmo autor de O Tigre da Malásia. Um abraço.
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