
Antes
de entrarmos propriamente na obra em si, vale a pena ter em atenção o seguinte
diálogo, ocorrido em lisboa entre Luis Correia da Cunha, editor das obras de
Alexandre Dumas, Pai, em Portugal e um tal Alfredo Possolo Hogan, funcionário
dos correios de lisboa. Possolo Hogan era um apaixonado pela literatura,
particularmente pelo romance de aventuras, escrevia nas suas horas vagas e,
encontrando-se sem dinheiro, resolveu apelar ao conhecido editor:
- Já
viu isto!? “O Conde Monte Cristo” é aquilo que os meus fregueses preferem!
Vende-se tudo, nem tenho mãos a medir!! – dizia o atarefado editor
-
Vai reeditá-lo? – perguntou Hogan
-
Vou, está claro…mas estive a pensar numa continuação do “Conde Monte Cristo”,
produção particular aqui da casa…e quem poderá arcar com tal responsabilidade?
– o editor pareceu ponderar um pouco e depois olhou para o seu interlocutor –
você!
-
Eu? – fez Hogan, sem poder acreditar no que ouvia

-
Mas poderá ser preso! Incorrer numa contrafacção por uso indevido de nome!
-
Não creia nisso…Alexandre Dumas está muito ocupado a provar que é ele próprio
quem escreve os seus romances…estou em crer que ele até vai apreciar
devidamente este golpe publicitário…
Alfredo
Possolo Hogan, depois de muito pensar, disse:
-
Está bem! Aceito a incumbência…mas acontece que estou muito necessitado de três
meias coroas…
Passaram-se
dois anos depois dos acontecimentos narrados em “O Conde Monte Cristo”. O Conde
vive agora feliz ao lado de Haydée, o seu amor, mas é do seu passado que surge
ameaça. Benedetto, antigo colaborador na vingança que o Conde levou a cabo, encontra-se
preso por homicídio e, enquanto aguarda o julgamento, recebe uma carta que lhe revela a sua verdadeira
identidade e onde também lhe é pedido que
se vingue do homem que o salvou, protegeu e depois o abandonou á sua
sorte: Edmond Dantés, conhecido como O
Conde Monte Cristo.
Possolo
Hogan exagera no final, tal como qualquer folhetim, ele reserva a morte como destino final das
principais personagens do romance e, influenciado pelo romance negro, comum na
época, ele finaliza com um toque macabro com o vingador, Benedetto, também ele
vitimado destino, terminada a sua vingança, volta a França para depositar “A
Mão do Finado”, símbolo da sua missão,
no túmulo do pai, antes de ser preso e condenado á morte pelo
assassinato do carcereiro da prisão de onde se evadiu no passado.

Quando
se escreve um romance cujo objectivo principal é concluir um outro, como “A Mão
do Finado” em relação a “O Conde Monte Cristo”,
fica demonstrada a vitalidade de um grande texto, cuja continuidade pode
ser encarada como um dos possíveis desdobramentos desse mesmo texto. Polémicas
á parte, Alfredo Possolo Hogan desdobrou uma história, sob o pretexto de concluir
aquilo que Alexandre Dumas, Pai, deixou em aberto.
Nota: as imagens que ilustram o texto foram retiradas da Internet
extraordinário! Desconhecia totalmente que tinha sido Hogan a escrever " A Mâo do Finado". Li "O Conde de Monte Cristo " e " A mão do Finado " jovem talvez com 16 ou menos... e a ambos voltei várias vezes, muitas ... e a quase todo o Dumas, pai...
ResponderEliminarA mão do Finado é um lixo, li aquilo e custei a acreditar que Dumas teria escrito o livro. A história detona com o Conde e desconstrói a saga do livro original, uma porcaria mesmo. Saber agora que foi escrita por um espertalhão usando o nome de Dumas é quase reconfortante, pois agora sei que o grande Dumas não escreveu tal palhaçada!
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