Tal como em "O Padrinho", o inicio desta segunda parte começa com um écran escuro e depois vemos a última cena do primeiro filme na qual se vê Michael Corleone e alguns dos seus mais próximos que o felicitam, beijando-lhe a mão e ajoelhando-se num gesto de deferência para com o "Novo Padrinho" indicando ao espectador que esta é uma continuaçao directa do primeiro filme e que devem ser vistos como um todo, antes de surgir o titulo do filme "The Godfather Part II". Coppola disse que este foi o primeiro filme a conter no seu título a indicação de "Parte II", apesar da oposição dos chefes do estúdio que estavam reluctantes em relação ao filme se chamar "O Padrinho - Parte II", alegavam que o público acharia que, uma vez que já tinham visto "O Padrinho", não faria sentido acrescentar fosse o que fosse ao filme original. O sucesso, sem precedentes e em todos os aspectos, que "O Padrinho - Parte II" iria alcançar, provaria o contrário e viria a estabelecer a tradição de em Hollywood se fazerem continuações de quase todos os tipos de filmes de sucesso ( O termo sequela só surgiria lá mais para a frente, no início da década de 80.
A principio Francis F.Coppola não queria fazer este filme. Depois de todos os problemas de produção com o primeiro filme, ele não estava muito interessado em voltar ao tema. Queria aproveitar o sucesso que o primeiro filme obtivera e regressar aos seus projectos pessoais que tinham preenchido a primeira metade da sua carreira. Antes de embarcar novamente neste projecto ambicioso, Coppola fez uma pequena obra-prima pessoal chamada "The Conversation" ( O Vigilante, 1974) sobre o mundo das escutas e até que ponto este influencia cada ser humano. Apresentado em Cannes, venceu a Palma de Ouro e colocou o realizador novamente na rota dos grandes estúdios.
Robert Evans, chefe de produção da Paramount, ofereceu a Coppola um milhão de dólares para ele realizar a continuação, Coppola recusou e sugeriu o nome de Martin Scorsese para o fazer. Mas a produção queria Coppola e, juntamente com Al Pacino, que foi decisivo nas negociações entre realizador e estúdio, pois foi quem o convenceu a regressar ao projecto, fizeram "uma proposta irrecusável" ao realizador e este ditou as suas condições: estas incluíam a não interferência do estúdio na feitura do argumento, na escolha do elenco e uma liberdade criativa completa em todos os outros aspectos da produção do filme (a manutenção do título foi uma delas). O estúdio aceitou sem grandes discussões e Coppola aceitou fazer o filme. Em boa hora isso aconteceu porque o resultado ultrapassou as expectativas.
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Vito Corleone em Nova York, 1920 |
Pondo de lado a violência que caracterizara o primeiro filme, é no elenco, todo ele excepcional, que inclui novamente Al Pacino, Diane Keaton, Robert Duvall, John Cazale, Talia Shire,juntamente com nomes como Robert De Niro, Lee Straberg, Michael V. Gazzo, G.D.Spradlin, entre outros, que recai a responsabilidade de levar o filme a bom porto e isto é plenamente conseguido ao longo das mais de três horas de filme.
O destaque vai, claro, para as interpretações de Pacino e De Niro como o jovem Vito, esta última vencedora de um Oscar para o Melhor Actor Secundário.
Al Pacino ultrapassa-se com esta interpretação ao transformar-se naquilo que nunca quisera no primeiro filme: um verdadeiro monstro, como lhe diz Kay no meio duma discussão, que, após destruir a sua própria família e se desembaraçar dos seus inimigos, é um homem só e amargurado ( é absolutamente fabuloso o plano final, em que se vê Michael sentado sózinho com um olhar perdido e o único som que se ouve é o vento e folhas a voar, incorporando toda a solidão do mundo). A grande qualidade de Pacino é perfeitamente patente na cena do confronto, na casa do lago, entre Michael e Fredo (John Cazale), seu irmão mais velho, após descobrir que fora ele quem o atraiçoara: é absolutamente brilhante e violenta ao mesmo tempo, a prestação dos dois actores. A familia, de resto, tem sempre uma importância enorme nos filmes de Coppola. Desde "O Padrinho" quando Don Vito diz a Sonny, após uma reunião com Virgil Sollozzo, para nunca se opôr à família, ou quando Michael manda executar Carlo por este ter atraiçoado Sonny e, por extensão , a família, até a "O Padrinho - Parte II" quando, após anos de afastamento, Connie (Talia Shire, irmã de Coppola na vida real), jura obediência total ao irmão, ou quando Michael ordena a morte de Fredo, percebemos que a família está acima de tudo e de todos.
Tecnicamente brilhante em todos os aspectos, a segunda parte de "O Padrinho" superou o primeiro filme na bilheteira, ao fazer uns surpreendentes 193 milhões de dólares, tornando-se no segundo grande sucesso da Paramount em 1974, atrás de "Chinatown" (Roman Polanski, 1974) é hoje visto como a Melhor Sequela de sempre da história do cinema, assim como é igualmente considerado, tal como o primeiro filme, um dos Melhores Filmes de Todos os Tempos. Muitos críticos consideram-no superior ao primeiro filme, embora quando se trata de listas de "Maiores Filmes", aparece sempre depois de "O Padrinho".
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Uma Obra-Prima vencedora a todos os níveis |
Em 1976, Francis "Ford" Coppola montou os dois filmes para apresentação na televisão, incorporando cerca de 75 minutos de cenas não incluídas nos filmes e montados por ordem cronológica. Esta versão chamou-se "The Godfather: A Novel for Television" ou "The Godfather Saga" e foi exibida na NBC em Novembro de 1977 e foi a base para uma versão mais suave, com menos violência, sexo e linguagem mais moderada, chamada "The Godfather 1902-1959: The Complete Epic". Como nenhuma destas versões está disponível no mercado, fica ao critério de cada um como quer apreciar os filmes: como um diptíco ou como uma trilogia. Em qualquer uma das formas, a minha opinião é sempre a mesma: são filmes obrigatórios!
Nota: Todos os vídeos e imagens que lustram este texto foram retirados da Internet
Este é provavelmente um dos poucos casos em que o segundo filme é tão brilhante como o primeiro. Um abraço.
ResponderEliminarI wrote a book, unhappily only in Portuguese, under the title O MITO DO DEUS PAI that explain the Universe as beeing the Lord of his own Criation. Contatc Editor Biblioteca24X7.com.br if you are inbterested on bublishing it.
ResponderEliminarThank you
Pedro Cabral
pcabralcavalcanti@gmail.com