Passaram-se nove anos desde que a missão da "Discovery One" a Júpiter falhou, resultando na morte de
quatro astronautas e o quinto, Dave Bowman, desapareceu após estacionar a nave
na órbita do planeta. Heywood Floyd, na
altura chefe do Programa Espacial, foi considerado culpado pelo falhanço da
missão e demitiu-se do cargo e foi dar aulas para a Universidade de
Hawaii.
Num
mundo á beira dum novo confronto mundial, a nave espacial russa
"Leonov", levando a bordo uma expedição conjunta americano-soviética,
parte para tentar descobrir o que aconteceu realmente em 2001...o que é o
Monólito Negro? e que significado terão as ùltimas palavras de Bowman antes de
desaparecer: "Meu Deus, está cheio de estrelas!"?

Quando se começou a falar na possível adaptação do
romance ao cinema, o primeiro nome que veio à baila foi o de Stanley Kubrick ou
não tivesse sido ele o realizador dessa obra-prima seminal chamada
"2001:Odisseia no Espaço" (1968). Arthur C. Clarke, já em 1982,
quando o livro foi publicado, tinha falado com Kubrick e tinha brincado com o
realizador dizendo-lhe “a tua obrigação é impedir que qualquer um faça um
possível filme, para que eu não seja incomodado”. Quando Kubrick não se mostrou interessado em realizar
o filme, alegando, tal como Clarke, que nada mais havia a dizer e o projecto
parecia destinado a ir parar à gaveta. Surge então o nome de Peter Hyams que,
sendo fan da obra de Kubrick, disponibilizou-se de imediato a realizar a adaptação
caso fosse para a frente. Diz o realizador:
“ eu
tive uma longa conversa com Stanley Kubrick e disse-lhe o que se estava a
passar, se tivesse a sua aprovação, eu faria o filme, se tal não acontecesse,
eu não o faria, nem sequer me passaria pela cabeça fazê-lo. Kubrick
respondeu-me simplesmente assim “Claro, vai fazê-lo , eu não me interessa
voltar ao tema…” e, posteriormente, ainda me disse “não tenhas receio. Vai e faz o teu próprio filme…””
Peter Hyams tinha já realizado o curioso
"Capricorn One – Capricórnio Um" (1978) onde se contava a história de
uma missão a marte que afinal acabava por não acontecer, apesar de toda a gente
pensar que sim e que apenas a investigação dum jornalista ameaça provar o
contrário; "Outland – Atmosfera Zero"(1981), uma interessante variação de ficção científica ao clássico
western "O Comboio apitou Três
Vezes" (Fred Zinnemann, 1953) onde Sean Connery fazia o papel que fora de
Gary Cooper; ou ainda "Star Chamber – A Câmara Secreta" (1983) um
original thriller de tribunal com Michael Douglas no papel dum juiz, fiel á
letra da Lei mas que se vê obrigado a, juntamente com outros juízes, fazer justiça á margem daquilo que defende nos
tribunais. Ele parecia ser o realizador indicado para tornar os cenários
imaginados por Clarke numa realidade.

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O piscar de olhos aos mentores do filme original |
"2010-Ano do Contacto" acaba por ser
um filme honesto, sem pretensões a obra-prima, que se vê com agrado e do qual
não se pretenda tirar ilações, consegue, inclusivamente, continuar “2001” sem o
estragar, o que, nos dias que correm, é
um risco enorme que cada realizador corre ao conseguir que com a sua sequela de
qualquer filme, não transforme numa amarga experiência vermos o filme anterior.
No elenco os nomes de Roy Scheider, Helen Mirren,
John Lithgow, Bob Balaban, cumprem os seus papéis, assim como Keir Dullea e Douglas Rain que retomam os seus
papéis, respectivamente de Dave Bowman e
da voz de HAL.

"2010" fica muito aquém das
expectativa, quando comparado com “2001” o que é uma pena pois o autor e o
livro mereciam algo melhor. Mas se
retirarmos todas as comparações com a obra-prima de Stanley Kubrick,
ficamos com um bom entretenimento, que
é, afinal de contas, aquilo que conta.
Nota: As imagens e vídeo que ilustram o texto foram retiradas da internet
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