Lançado em 1973, quase dez
anos passados sobre os acontecimentos que retrata, “Quadrophenia”, é o sexto
álbum de estúdio lançado pelo grupo britânico “The Who”. É a segunda ópera-rock
do grupo (depois de “Tommy” em 1969) e desta vez correu ainda melhor que da
primeira vez. Enquanto em 1969 se viviam ainda os efeitos do movimento
Hippie e do festival de Woodstock,
que decorrera nesse mesmo verão, onde o grupo apresentou “Tommy” pela primeira
vez, constituindo essa sua participação um grande êxito e que tornaria o álbum
o primeiro grande sucesso do grupo,
já que refletia os ideais do “Flower Power”, reunidos em torno de um
rapaz que, devido a um trauma de infância, fica cego surdo e mudo, mas que se
torna numa espécie de figura messiânica, idolatrado por milhares de pessoas.
Nova
década, outras preocupações estiveram então na origem desta segunda ópera-rock
do grupo. A sua história gira em torno da perspectiva social, musical e
psicológica que uma certa
juventude inglesa teve dos acontecimentos ocorridos em Londres e Brighton em
1964-65.
O título é uma variação, não científica, do termo médico
“Esquizofrenia” (doença mental complexa de personalidade), aqui apresentada com
uma personalidade múltipla, Jimmy, o protagonista da história, sofre de uma
personalidade quadrúpla, cada uma delas associada a um elemento do grupo: o
duro, o provocador, o violento, em representa Roger Daltrey em “Helpless
Dancer”; o romântico “Is It Me?” é associado a John Entwistle; em “Bell Boy”, o
lunático é Keith Moon; o pedinte, o hipócrita é decalcado de Peter Townshend em
“Love , Reign O’er Me”. Os quatro temas que identificam as quatro
personalidades em Jimmy são misturadas em “Quadrophenia”, a faixa-título da
Ópera, utilizada com uma espécie de ponte entre os temas “The Real Me” e “Cut
my Hair” e voltam a misturar-se em The Rock” que medeia entre “Doctor Jimmy” e
“Love, Reign O’er Me”, que, segundo Townshend, a combinação dos
temas/personalidades nestes dois medleys instrumentais, constituiu o trabalho mais complexo
que alguma vez fez para o grupo. Ao longo de toda a Ópera os quatro temas vão
surgindo aqui e ali, subtilmente introduzidos em outros temas, dando ao
trabalho a impressão de um todo coeso.
Peter Townshend,
guitarrista do grupo e compositor, disse que o nome da ópera evoluiu, a partir duma ideia, como sendo uma
autobiografia do grupo, e que inicialmente era para se chamar “Rock is Dead –
Long Live Rock!”, mas na altura do seu lançamento, o papel do grupo era apenas
simbólico, através da quatro personalidade de Jimmy, por isso decidiram mudar o
nome para “Quadrophenia”.
A história
passa-se em cinco dias, nos quais Jimmy, um "Mod" por escolha, numa rocha, no meio do oceano,
relembra a sua vida até então. “Quadrophenia” é a narrativa de uma história, contada
na primeira pessoa.
Na primeira
parte, nos temas “I Am the Sea” e “The Real Me”, Jimmy apresenta-se e conta-nos as suas frustrações, as inseguranças
que conduzem a sua vida e as tentativas infrutíferas de ter uma vida social
normal. Com “Cut my Hair”, ele relembra uma discussão com os pais, por estes
descobrirem anfetaminas no seu quarto, que esteve na origem da sua fuga de casa
(ouvem-se na rádio noticias dos confrontos, entre “Mods” e “Rockers”, ocorridos
em Brighton, dias antes e nos quais Jimmy esteve presente). Depois de ser mal
tratado num concerto, quando tenta ir conhecer o grupo que actuou (supostamente
os próprios “The Who”), começa a perceber que a única coisa boa que tem na sua
vida é ser “Mod”. Sem conseguir fixar-se em nenhum emprego, perde a namorada
para um amigo. Em “I’ve Had Enough”, Jimmy, num completo estado de
auto-destruição, destroi a sua Vespa (símbolo de independência dos “Mods”) e
decide ir para Brighton onde se divertiu com os amigos a perseguir e a lutar
com os “Rockers”, único momento da sua vida onde foi realmente feliz.

Na segunda parte, “5.15”, conta a sua viagem de comboio para Brighton e quando chega, o seu ânimo aumenta. Em “Sea and Sand” e “Drowned”, Jimmy fala sarcasticamente das discussões caseiras e da noite que passou na praia com a sua ex-namorada. Decide ficar em Brighton para relembrar os dias em que os “Mods” chegaram à cidade. Apesar de apenas terem decorrido duas semanas sobre esses eventos, ele já está a viver no passado.
Em “Bell Boy”, Conhece Ace Face, um dos líderes dos “Mods” e um dos seus heróis de eleição, que não passa de um simples paquete no mesmo hotel que o seu grupo quase destruiu. Jimmy percebe então que a cena Mod deixou de ser sinónimo de um certo estilo de vida, sente-se atraiçoado por todos os que o rodeiam e mergulha numa espiral destrutiva de drogas e álcool. Jimmy vai então até ao mar e vê-o como um espelho dum poder maior no qual ele vai submergir e perder-se na sua imensidão. Em “Doctor Jimmy”, ele está perto da loucura, surge o lunático em si mesmo que o salva duma morte quase certa. No refrão do tema pode ouvir-se “…Doctor Jimmy and Mr. Jim…” referência mais que evidente a “Doctor Jekyll and Mr. Hyde”, que se liga ao tema das múltiplas personalidades que vão emergindo ao longo da história.
Os temas finais, dizem-nos que Jimmy, depois de roubar um barco, se encontra numa rocha, no meio do mar. Aqui, depois duma espécie de transe em que as suas quatro personalidades conflituam umas com as outras (o instrumental “The Rock” é isso mesmo), quando Jimmy cai em si, percebe que o barco se afastou, está abandonado, sozinho e esquecido. No fabuloso e arrasador “Love, Reign O’er Me”(dos melhores temas que Peter Townshend compôs), uma tempestade abate-se à sua volta e Jimmy descobre que, após ter sido tanta gente diferente, sabe finalmente quem é : ele próprio!

Na segunda parte, “5.15”, conta a sua viagem de comboio para Brighton e quando chega, o seu ânimo aumenta. Em “Sea and Sand” e “Drowned”, Jimmy fala sarcasticamente das discussões caseiras e da noite que passou na praia com a sua ex-namorada. Decide ficar em Brighton para relembrar os dias em que os “Mods” chegaram à cidade. Apesar de apenas terem decorrido duas semanas sobre esses eventos, ele já está a viver no passado.
Em “Bell Boy”, Conhece Ace Face, um dos líderes dos “Mods” e um dos seus heróis de eleição, que não passa de um simples paquete no mesmo hotel que o seu grupo quase destruiu. Jimmy percebe então que a cena Mod deixou de ser sinónimo de um certo estilo de vida, sente-se atraiçoado por todos os que o rodeiam e mergulha numa espiral destrutiva de drogas e álcool. Jimmy vai então até ao mar e vê-o como um espelho dum poder maior no qual ele vai submergir e perder-se na sua imensidão. Em “Doctor Jimmy”, ele está perto da loucura, surge o lunático em si mesmo que o salva duma morte quase certa. No refrão do tema pode ouvir-se “…Doctor Jimmy and Mr. Jim…” referência mais que evidente a “Doctor Jekyll and Mr. Hyde”, que se liga ao tema das múltiplas personalidades que vão emergindo ao longo da história.
Os temas finais, dizem-nos que Jimmy, depois de roubar um barco, se encontra numa rocha, no meio do mar. Aqui, depois duma espécie de transe em que as suas quatro personalidades conflituam umas com as outras (o instrumental “The Rock” é isso mesmo), quando Jimmy cai em si, percebe que o barco se afastou, está abandonado, sozinho e esquecido. No fabuloso e arrasador “Love, Reign O’er Me”(dos melhores temas que Peter Townshend compôs), uma tempestade abate-se à sua volta e Jimmy descobre que, após ter sido tanta gente diferente, sabe finalmente quem é : ele próprio!
Recebido com algumas reservas iniciais,
“Quadrophenia”, foi, ao longo da década de 70 do século passado, sendo objecto de estudos por parte de
especialistas e considerado como uma análise quase perfeita duma certa
juventude que viveu aqueles anos loucos da década de 60 e o facto de, na
discografia oficial do grupo, estar colocado entre os álbuns “Who’s Next”
(1971, considerado o melhor álbum do grupo) e “The Who by Numbers” (1975), pode
ter uma razão de ser, mas, sobre isso, o grupo nunca disse uma palavra.
Em 1979, “Quadrophenia”, foi adaptado para o cinema por Franc Roddam,. Usando a Ópera-rock do grupo como ponto de partida, o filme acaba por ser uma reflexão sobre a Grã-Bretanha pré-Thatcher, usando os confrontos da década de 60 entre os “Mods”, filhos da classe média, bem vestidos e que conduziam as suas vespas, e os “Rockers”, sempre vestidos de couro e conduzem motos potentes. Reflectindo um certo narcisismo patente nessa época e uma cultura movida a anfetaminas, “Quadrophenia foi um modesto sucesso de bilheteira tendo vindo a ganhar algum protagonismo no inicio da década de 80. Com um elenco praticamente desconhecido onde apenas pontuava, embora num registo secundário, um jovem músico e cantor de nome Sting como Ace Face.
Em 1979, “Quadrophenia”, foi adaptado para o cinema por Franc Roddam,. Usando a Ópera-rock do grupo como ponto de partida, o filme acaba por ser uma reflexão sobre a Grã-Bretanha pré-Thatcher, usando os confrontos da década de 60 entre os “Mods”, filhos da classe média, bem vestidos e que conduziam as suas vespas, e os “Rockers”, sempre vestidos de couro e conduzem motos potentes. Reflectindo um certo narcisismo patente nessa época e uma cultura movida a anfetaminas, “Quadrophenia foi um modesto sucesso de bilheteira tendo vindo a ganhar algum protagonismo no inicio da década de 80. Com um elenco praticamente desconhecido onde apenas pontuava, embora num registo secundário, um jovem músico e cantor de nome Sting como Ace Face.
Em 2000, “Quadrophenia” foi
considerado um dos 100 melhores álbuns de rock de sempre. Em 2011, o álbum foi
remisturado e editado numa caixa de luxo contendo cinco discos: quatro cd’s,
que incluíam o álbum original com som remisturado e várias demos de diversos
temas, e um DVD com um concerto de 2010 onde “Quadrophenia” foi integralmente
tocado com vários convidados.
Nota: Todas as imagens e vídeos que ilustram o texto foram retirados da Internet
Nota: Todas as imagens e vídeos que ilustram o texto foram retirados da Internet
Mt bom!
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