Philip
José Farmer (1918-2009) foi um escritor americano de histórias de fantasia e
ficção científica. Nasceu em Terre Haute, no Indiana, mas viveu quase toda a
sua vida em Peoria, no Illinois. Leitor ávido desde jovem, Farmer decidiu ser escritor no quarto ano.
Depois da IIª Guerra Mundial, onde
foi piloto, continuou os seus estudos enquanto trabalhava na fábrica de aço
local. Em 1950 tornou-se Bacharel em Inglês pela Universidade de Bradley.
Ganhou o seu primeiro prémio Hugo (Oscar da literatura de ficção científica)
com a novela “The Lovers – Os Amantes” em 1953.
Autor
de novelas e contos, ficou
conhecido por ter escrito várias novelas em sequência, principalmente “The
World of Tiers” (1965-93), “Riverworld” (1971-83) ou “Dayworld” (1985-1990).
Foi também pioneiro na introdução dos temas da sexualidade e de religião no seu
trabalho. Fascinado pelos chamados “Heróis dos Romances de Cordel” , Farmer pegava nas temáticas de alguns desses
romances, reescrevia-as utilizando personagens fictícias. Foi,
no entanto, em 1971, com “To Your Scattered Bodies Go”, que recebeu outro prémio Hugo e que
definitivamente o lançou. Era o começo de “Riverworld – O Mundo do Rio”, a sua obra mais famosa e uma das melhores séries literárias
da ficção científica.

A série é constituída por cinco
volumes:“To Your Scatered Bodies Go – Mundo sem Morte” (1971), “The Fabulous
Riverboat – Viagem para Além da Morte” (1971), “The Dark Design – O Desígnio
Negro” (1977), “The Magic Labyrinth – O Labirinto Mágico” (1980), “Gods of
Riverworld – Regresso ao Mundo do Rio” (1983), que constituem o fluxo central
de toda a série e o livro de contos: “Riverworld and Other Stories “ (1979), que, apesar de não fazer parte da trama
inicial, inclui histórias que se relacionam com situações e personagens que
aparecem. Toda a série explora as
interrelações entre indivíduos de muitas culturas e de diferentes períodos da
história
Escrita em 1952, a
história original de “O Mundo do Rio” intitulava-se “Owe for the Flesh” ("Deves
a Carne", literalmente traduzida, esta frase constitui uma espécie de pesadelo
para Richard Francis Burton e surge-lhe em sonhos inúmeras vezes ao longo de
toda a série), mas nunca foi publicada.
Anos mais tarde, Farmer, reescreveu o texto, dividiu-o em duas partes ,
lançou-o nas revistas de ficção científica “Worlds of Tomorrow” e “If” entre 1965 e 1967. Finalmente em 1971
publica os dois primeiros volumes da série…e o resto foi história!
A história de “O
Mundo do Rio” começa com a ressurreição de toda a população do planeta terra,
ou seja desde o primeiro “Homo Sapiens” até ao inicio do século XXI .
Inicialmente, a ideia de Farmer era terminar as ressurreições no ano de 1983,
já que, na altura em que os primeiros livros foram publicados, ainda era uma
data especulativa . Posteriormente o autor estendeu a existência do planeta até 2008 e aqui encontramos duas fortes
possibilidades para esta decisão: a primeira é que nesta data grande parte da
humanidade teria sido exterminada depois dum catastrófico primeiro encontro com uma expedição duma civilização alienígena que estava de visita á terra (na ficção
claro!); a segunda é meramente especulativa e tem a ver com o facto de o autor
achar que não viveria além do ano de 2008 e assim marcar a diferença. No prefácio de “O Desígnio Negro”, o
autor escreveu "...espero terminar a série, do volume I até ao V, antes que chegue o meu tempo de me estender e repousar enquanto aguardo a vez de entrar no fabuloso
Barco do Rio..." (na verdade, Farmer faleceu
em 2009!).
Inicialmente a
razão da existência de “O Mundo do Rio” é um completo mistério e assim se mantém ao longo dos três primeiros volumes. Num mundo em que não existe qualquer tecnologia e onde os
únicos materiais disponíveis são bambu, madeira e ossos de peixe, a humanidade
vê-se assim reduzida a uma existência numa espécie de paleolítico e tem que
aprender a sobreviver assim. Com
montanhas intransponíveis, as únicas possibilidades que existem de exploração
são rio acima ou rio abaixo. Mas mesmo viajar ao longo daquele mundo pode ser
uma missão arriscada, já que rapidamente começam a florescer milhares de
pequenos reinos , impérios , monarquias, repúblicas e todo o tipo de sistemas
sociais alguma vez inventados e
quem os comanda tem ideias diferentes entre si.
Nos livros da
série, a maneira como Farmer coloca personagens históricas a interagir com as
personagens fictícias na procura
das razões que presidiram à
criação daquele mundo e da ressurreição da humanidade, é verdadeiramente
espectacular já que permite não só que o leitor faça os seus julgamentos em
relação a cada personagem, como faz com que algumas dessas personagens sofram
verdadeiras transformações em relação à sua vida anterior na terra, o que
acontece, sensivelmente , a partir do terceiro volume, quando o mistério se
adensa e se descobre quais as verdadeiras
intenções de quem está por detrás da criação daquele mundo.
Claro que uma série
destas , com uma ideia tão original como esta, não poderia passar despercebida
no universo da literatura de ficção cientifica e também na televisão: No
primeiro caso surgiu, em 1992, o livro de contos “Tales of Riverworld “ que além de conter alguns contos
ainda escritos por Farmer, tem
outras histórias, escritas por diversos autores, igualmente situadas no universo de
“O Mundo do Rio”, e em 1993 surgiu "Quest to Riverworld", outra antologia que contém dois contos de Philip José Farmer.
A televisão tentou,
em 2001, fazer uma série baseada em “ O Mundo do Rio” mas ficou-se apenas pelo
episódio-piloto, baseado em “ Mundo sem Morte” e “Viagem para Além da Morte” ,
com algumas alterações de fundo em relação aos livros. O herói é um astronauta
americano e o vilão, em vez de ser o Príncipe João de Inglaterra, é Nero, o imperador Romano.
Em 2010 outra tentativa de produzir uma nova
adaptação de “O Mundo do Rio”, mas
desta vez apenas como um filme de
televisão dividido em duas partes e aqui novamente alterações de fundo, com um
jornalista de televisão a ser o protagonista e Richard Burton transformado no
vilão de serviço.
Em minha
opinião, nenhuma das adaptações faz justiça aos textos de Farmer e entendo que uma série desta
envergadura deveria ter um tratamento bem mais dignificante do que aquele que
lhe tem sido dado.
Nota: Todas as imagens que ilustram o texto foram retiradas da Internet
Essa série de livros é uma das que indiscutivelmente me marcou e concordo contigo, no sentido em que ainda não houve nenhuma adaptação que lhe fizesse justiça. Tenho pena, pois o material que está transposto nos livros daria uma fabulosa série. Um abraço.
ResponderEliminarEstou a reler esta serie fantástica que, estranhamente e numa época em que as séries e a scifi cativam grande parte das audiências mundiais de TV, nunca mereceu o tratamento que merece por parte das grandes cadeias tipo HBO, STARZ, etc. Pena que assim seja já que se trata de uma boa base para uma série que seria, também ela, fantástica.
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