O mar sempre foi uma fonte de inspiração para qualquer realizador. Muitos são os filmes cujas primeiras cenas são o mar. Na maioria dos casos é como se de um regresso a casa se tratasse. "Vertigem Azul" também sofre dessa tendência.

O filme, apesar de se centrar numa rivalidade fictícia, é baseado na história verídica dos verdadeiros campeões de mergulho livre, Jacques Mayol (que também colabora no argumento) e Enzo Maiorca ( que no filme foi rebaptizado de Enzo Molinari), que, não só tinham alguns anos de idade de diferença, como nunca competiram juntos. Besson, para não tornar o filme demasiado monótono, teve o cuidado de dividir a acção em dois tempos distintos: a sua crescente rivalidade enquanto crianças e, já adultos, na sua competição final durante o Campeonato do Mundo de Mergulho Livre, na cidade de Taormina, na Sicília. O segundo momento (e isso é um achado de Luc Besson) tem também outro aspecto importante, que torna o desenrolar da história mais interessante para além da competição, que é a constante procura de Mayol pelo amor, família, o todo e o sentido da vida e da morte.



Inicialmente, Luc Besson não tinha a certeza sobre quem é que deveria fazer a personagem de Jacques Mayol. O realizador pensou em oferecer o papel a Christopher Lambert e Mickey Rourke e até considerou ser ele próprio a interpretar a personagem.
Contando com Jean Reno (outro colaborador habitual do realizador ), um dos actores europeus mais requisitados para produções internacionais, no papel de Enzo Molinari. O actor tem aqui um dos seus papéis mais importantes e também um dos seus preferidos, apesar da personagem ser a de um homem obcecado pela ganância de continuar a ser o campeão mundial de mergulho livre sem olhar a meios para o manter. Jean Marc Barr e Rosanna Arquette completam o trio à volta do qual vai girar toda a história de "Vertigem Azul".
Magnificas cenas como a do porto Italiano em que Enzo salva um homem de morrer afogado; as cenas do trio em Taormina; os testes a que Jacques é submetido no gelo ou ainda a cena final no mar entre Jacques e Enzo, fazem de "Vertigem Azul" um drama muito realista e um dos melhores filmes de Luc Besson, embora não isento de alguma dúvida no que diz respeito ao final do filme. O final original foi intencionalmente deixado em aberto para que cada espectador fizesse a sua própria interpretação, apesar de ficar a sugestão de que a profundidade a que Mayol desce tornava impossível o seu regresso, vivo, á superfície em circunstâncias normais. Mas tal pode não ser inteiramente verdade, já que, tal como é sugerido ao longo do filme, o corpo de Jacques Mayol não é um corpo normal e, logo a seguir á cena em que ele acorda no hospital e tem aquele estranho sonho, poderá (ou não) achar-se que ele está pronto para uma vida aquática, daí a sua (possível) morte ser uma conclusão algo precipitada. O realizador terá pensado que assim seria a melhor solução…quem somos nós para o contradizer?
Exibido fora de competição, em maio de 1988, durante o Festival de Cannes, “Vertigem Azul”, foi um grande sucesso de bilheteira em frança, onde esteve em exibição mais de um ano; nomeado para vários Césares (Oscares do cinema francês), venceu nas categorias de Melhor Banda Sonora para Filme e Melhor Som. Também em 1989 o prémio da Academia Nacional de Cinema Francês foi entregue a Luc Besson.
Apesar do enorme sucesso um pouco por toda a europa, nos estados unidos, o filme foi um rotundo fracasso de bilheteira, muito devido á remontagem para uma duração de 118 minutos, feita pelo estúdio que distribuiu o filme, que quis incluir um final feliz (uma espécie de final alternativo ao destino de Jacques Mayol) e substituído a banda sonora original de Eric Serra por uma composta pelo consagrado Bill Conti. Mais tarde foi distribuída a versão considerada normal e a que foi exibida na europa com a duração de 132 minutos. Só muito mais tarde é que foi distribuída, apenas, para circuito DVD a versão mais longa, com o final original e a banda sonora integral de Eric Serra.
Considerado bonito e sereno por alguns, demasiado longo, reflexivo e introspectivo por outros, “Vertigem Azul “ tem pelo menos uma certeza: quem quiser desfrutar de um filme e de uma experiência diferente, é só deixar-se envolver pela música e mergulhar nesta imensa vertigem azul chamada mar.
Nota: as imagens e vídeo que ilustram o texto foram retiradas da internet
Olá
ResponderEliminarOnde posso encontrar este filme?
Já o vi à muitos anos e sempre foi um dos meus preferidos, mas nunca consegui encontrar em video.
inté