A década de 80, viria a encontrar um Tommi Iommi desanimado e sem força para continuar o projecto Black Sabbath. Em 1979 vira-se forçado a despedir Ozzy Osbourne devido á sua forte dependência das drogas e do álcool.
Foi Sharon Arden (futura Sra.Osbourne) quem sugeriu o nome do substituto de Osbourne para voz do grupo. Ela indicou o nome de Ronnie James Dio, ex-vocalista do grupo Rainbow. Foi em Junho de 1979 que Dio fez os primeiros ensaios com o grupo e a escrever temas para um novo álbum. Com um estilo vocal diferente de Ozzy, o novo vocalista trouxe mudanças ao som do grupo e também nos concertos ao vivo onde Dio introduziu os "Cornos do Metal", um gesto supersticioso que, segundo o vocalista se destinava a afastar todo o Mau Olhado, e que se viria a popularizar na música, particularmente nos concertos de heavy metal.
Sem Geezer Butler, que temporariamente saiu do grupo e foi substituido por Geoff Nicholls, o grupo entra em estúdio em Novembro de 1979 para gravar novo álbum. "Heaven and Hell" seria editado em Abril de 1980 e aclamado pela crítica e público que já desesperava por ouvir um álbum à Black Sabbath. Temas como "Neon Knights", "Die Young" ou o próprio tema-título, marcam o regresso ao mais puro som do grupo e tornaram-se emblemáticos em qualquer concerto ao lado dos outros temas do grupo, agora interpretados com outra voz e arranjos diferentes. O àlbum chegou a número 9 na Inglaterra e número 28 nos Estados Unidos. Desde "Sabotage" que um álbum do grupo não vendia tão bem. Com novo alento, Butler regressara entretanto e Nicholls passou a dar apoio nos teclados, embarcaram numa tounée mundial a começar na Alemanha com Dio a estrear-se a 17 de Abril. Mas este estado de graça não iria durar muito tempo. Em Agosto de 1980, depois de um concerto na leg americana, Bill Ward é despedido do grupo por dependência do álcool e substituído durante o resto da tournée por Vinnie Appice.
Em Fevereiro de 1981, depois de terminada a tournée de "Heaven and Hell", o grupo entra em estúdio para começar a trabalhar no material do álbum seguinte.
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Black Sabbath em 1980-82 |
Em 1980 uma editora tinha pegado em algumas gravações de concertos de 1973 e tinha lançado um álbum-pirata intitulado "Live at Last" sem o conhecimento ou autorização dos membros do grupo. A verdade é que o álbum vendeu bem, apesar da fraca qualidade do som. Aproveitando alguns concertos americanos gravados e filmados durante a tournée de suporte a "Mob Rules", o grupo decide então lançar o tão aguardado álbum ao vivo. É durante o processo de misturas do álbum que as tensões entre Ronnie James Dio e Tommi Iommi, resultantes num problema de liderança em que o primeiro acusa o segundo de desonestidade para com ele relacionado com as fotografias escolhidas para ilustrar o álbum e em que o guitarrista aparecia destacado do vocalista e do resto do grupo (de resto os nomes de Tommi Iommi e Geezer Butler aparecem dum lado e os de Dio e Vinnie Appice do outro) o que, na opinião de Dio era uma completa desconsideração para consigo, aumentam e levam a que o vocalista abandone o grupo levando consigo Vinnie Appice em Novembro de 1982.
"Live Evil" é editado em Janeiro de 1983 mas passa quase despercebido porque Ozzy Osbourne tinha editado "Speak of the Devil", um álbum ao vivo constituído unicamente por canções da sua passagem pelos Black Sabbath e que foi Disco de Platina, cinco meses antes. "Live Evil" acaba por ser um um excelente documento da força dos Black Sabbath ao vivo e tem uma das mais bonitas e originais capas do grupo. Nela vê-se um desembarque numa praia, em noite de tempestade, duma série de figuras que são nada mais, nada menos do que ilustrações dos temas que preenchem o álbum.
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O gesto que tanta fama deu a Dio |
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No Live Aid em 1985 |
Durante a segunda metade da década de 80 e na década de 90, o grupo nunca conseguiu manter uma formação por mais do que um ano, assim como nunca conseguiu voltar ao auge que tinha sido a década de 70.
Entre 1987 e 1995 gravaram seis álbuns de originais com várias formações nas quais o único membro que se manteve desde o inicio foi Tommi Iommi que várias vezes deu o projecto Black Sabbath por encerrado e dedicou-se á produção e ao lançamento de outros músicos. Participou em vários álbuns de amigos, entre os quais Brian May, guitarrista dos Queen que ainda o convidou a alinhar em palco com os restantes membros do grupo no concerto-tributo a Freddie Mercury (falecido em 1991) que teve lugar nos estádio de Wembley em 1992.
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Black Sabbath em 1998 no concerto "Reunion" |
Em 2005 o grupo foi incluído no "Hall of Fame" da música Britânica e em 2006 entraram no "Hall of Fame do Rock" nos Estados Unidos.
2007 viu sair a colectãnea "Black Sabbath: The Dio Years" que reunia material dos álbuns em que Ronnie James Dio tinha participado. Sanadas que estavam as questões que os tinham afastado no passado, Iommi e Dio reunem a formação desses tempos e embarcam numa nova tournée a que chamaram "Heaven & Hell" e que decorreu durante alguns meses, no final houve especulação sobre um novo álbum do grupo que estaria na forja já que durante os concertos o grupo tinha tocado temas inéditos. No final do ano o grupo confirma que vai entrar em estúdio e gravar um novo álbum e a formação será a mesma dos tempos de "Heaven and Hell" e "Mob Rules".
Em 2008 é anunciado o nome do novo álbum do grupo "The Devil You Know" e fala-se numa nova tournée . mas um processo legal interposto por Ozzy aos restantes membros do grupo por uso abusivo do nome deixa o novo álbum em "stand-by mode" até 2010 quando se conclui o processo.
A morte de Ronnie James Dio, ocorrida a 16 de Maio de 2010, inviabiliza a tournée e o lançamento desse último álbum e veio uma vez mais adiar nova junção dos membros da banda.
Apesar de terem passado por muitas formações e mudanças de estilo musical, a sua sonoridade macabra e sinistra e as suas letras negras, marcaram uma época e, contrastando com a música popular da década de 70, influenciaram muito o género e são responsáveis pelo surgimento de novos sub-géneros do heavy metal como o black metal, o doom metal ou o stone metal e foram também os primeiros a transformar música gótica num género musical, e as bandas que surgiram depois deles dentro desses sub-géneros, sem terem recebido muito tempo de antena nas ondas aéreas da rádio.
E fica ainda a curiosidade de que quando Ian Gillan e os Sabbath se juntaram, uma das coisas que a crítica não gostou foi da sonoridade e designaram o grupo como uma espécia de "Deep Sabbath": ou seja uma junção dos Deep Purple com os Black Sabbath, num sentido que visava destruir qualquer hipótese de um novo estilo de som. Pena é que essa junção não tenha produzido mais trabalhos, porque a sonoridade até nem era assim tão má, como muitos quiseram fazer crer. Um abraço.
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