sexta-feira, 11 de março de 2011

O Rock Progressivo na história da Música

   Rock Progressivo (também conhecido por  prog rock ou simplesmente prog), é um género de rock surgido no final da década de 60 do século passado, em Inglaterra. Muito popular durante a década de 70, ainda hoje, em pleno século XXI, tem muitos adeptos.
   Influenciado pela música clássica e jazz de fusão, o género foi  ganhando espaço na cena musical, dando origem a diversos sub-géneros como o rock sinfónico, space rock, krautrock ou mais recentemente o metal progressivo.
   As suas caracteristícas mais marcantes são:
   - Composições longas, com melodias complexas, aproximando-se muitas vezes da música erudita. Temas com 20 ou mais minutos, por vezes até utilizando o tempo de um álbum inteiro, são temas chamados épicos;
   - "Suites" musicais, ou seja divisão de um tema, ao estilo de música erudita, em duas ou mais partes como por exemplo "Close to the Edge" ou "And you and I" dos Yes que são divididas em quatro partes;
   - Composições feitas de várias peças, tipo "manta de retalhos", um bom exemplo é "Supper's Ready" de Genesis;
   - Composições feitas de variações ou progressões ao estilo do "Bolero" de Ravel, um bom exemplo é precisamente "Abbadon's Bolero" de Emerson Lake & Palmer;
   - Letras que abordam temas como ficção científica, fantástico, religião, guerra, amor, loucura ou até a própria história, embora muitos álbuns, principalmente durante a década de 70, fossem apenas instrumentais;
   - Álbuns conceptuais ( ou concept album) onde o tema ou a história é abordado ao longo de todo o álbum, tornando-se numa ópera-rock se se seguir uma história, neste último caso incluem-e os álbuns "The Lamb Lies down on Broadway " de Genesis em 1974 ou "Tales from Topographic Oceans" de Yes em 1973, entre muitos outros;
   - Capas com grafismos muito atractivos ao olhar e muito completas, cujo melhor exemplo são as capas feitas por Roger Dean, um mestre no que toca a ilustração, para quase todos os álbuns de "Yes" e mais recentemente para "Asia";
   - Utilização de instrumentos electrónicos, particularmente sintetizadores adicionados aos instrumentos habituais de rock (guitarra, baixo e bateria). A constante procura de nova sonoridades conseguidas através de sintetizadores e depois misturadas em estúdio é quase uma obsessão dos músicos e também admiradores, sempre em busca da perfeição sonora;
   - Inclusão de peças clássicas nos seus concertos. Casos de Yes, Emerson Lake & Palmer, Marillion entre outros.
   O rock progressivo nasceu, como já disse, nos finais da década de 60, influenciado por vários géneros musicais. Já os Beatles, na sua fase psicadélica, começaram a misturar o rock tradicional com instrumentos de música clássica. Também os primeiros trabalhos de Pink Floyd ou Frank Zappa já mostravam alguns elementos do género. O psicadelismo desse final de década continuou num constante experimentalismo e introduziram-se as peças longas sem, no entanto, tanto tratamento quanto á estrutura da obra.


Uma das obras-primas do Rock Progressivo
   O género ganhou adeptos quando, no final da década de 60, os adeptos do "Flower Power" sentindo-se desiludidos com os caminhos que o movimento traçara, se deixam encantar por temas mais complexos e obscuros que os convidam a outro tipo de reflexão. Rápidamente, se espalha pela Europa fora chegando ao Japão onde, por exemplo, Stomu Yamashta, conceituado músico no seu país, veio ao ocidente gravar entre 1976 e 1977 o projecto "Go", uma série de álbuns com músicos europeus. Na Alemanha Tangerine Dream e Kraftwerk davam origem ao "Krautrock", dinamizando a utilização de sintetizadores e introduzindo efeitos sonoros em temas e álbuns geralmente instrumentais, enquanto na Grécia os "Aphrodite's Child" de Vangelis e Demis Roussos davam os primeiros passos no Rock Progressivo. Até em Portugal o género acolheu adeptos em grupos como "Tantra" ou em artistas como José Cid, cujo álbum "10.000 depois entre Vénus e Marte" de 1978 é considerado uma obra-prima e está no top 100 dos melhores álbuns do género.
   Atingido o auge durante a década de 70,  grupos como Pink Floyd, Yes, Genesis, Emerson Lake & Palmer, Jethro Tull, etc. estavam constantemente nos tops de Inglaterra e dos Estados Unidos, viria a seguir-se o inevitável declinio.
   No final da década de 70 dá-se o advento do Punk, que opera uma mudança quase radical na cena musical Europeia, o gosto do público e da crítica volta-se agora para o estilo mais simples e agressivo deste género, levando a que os grupos progressivos fossem considerados pretensiosos e exagerados e alguns se extinguissem mesmo.
   Na década de 80 nova investida do género, desta vez sob a forma do sub-género neoprogressivo, em que os "Marillion"  e  "Asia" foram os percursores. Amplamente inspirados pelo rock progressivo, mas contendo igualmente elementos da "New Wave" é caracterizado ainda por um enorme dinamismo musical onde se incluem solos de guitarra e também de teclados. Alguns grupos fieis ao rock progressivo, mudam a sua orientação sonora, simplificando as composições (as longas suites são reduzidas para temas mais acessiveis), de modo a poderem incluir novas texturas electrónicas como a percussão.
   Durante a segunda metade da década de 80, surge a chamada terceira vaga de rock progressivo que se chama "Metal Progressivo" e que se mantém até hoje. O melhor exemplo desta nova vaga são os "Dream Theater".
   Comercialmente bem sucedido, este género une vários estilos desde rock progressivo até  heavy metal, trazendo para o género uma maior técnica, resultado duma grande aprendizagem e a capacidade renovada de explorar temas longos e fazer álbuns conceptuais tendo à disposição uma tecnologia moderna e em constante evolução. Mas o saber, esse vem dos primórdios da música  e é grande a sua influência nos grupos de hoje.


Nota: Todas as imagens que ilustram o texto foram retiradas da Internet
  






1 comentário:

  1. Gostei muito da tua análise do rock progressivo. Deixa-me só dizer-te e na sequência do que disseste e muito bem, o progressivo começou na música, mas acabou por se estender à arte, sobretudo à pintura. O exemplo de que falas, o Roger Dean é provavelmente o expoente máximo, já que se tornou um desenhador quase ao serviçlo dos Yes, mas ilustrou também outras bandas como os Uriah Heep ou os Asia. Fica também o exemplo de Mark Wilkinson que ilustrou os Marillion, Fish ou os Judas Priest. Um abraço.

    ResponderEliminar

As Pontes de Madison County

             Em 1973, Clint Eastwood, actor já com créditos firmados graças à sua participação na famosa “Trilogia dos Dólares” (1964-66) de...