O Tempo passa sem parar, como um rio que corre em direcção ao mar, dissipa-se nas brumas da Memória colectiva... É o Tempo que serve a memória ou é a memória que serve o Tempo?
No inicio da década de 80 do século
passado, uma série veio revolucionar o modo de fazer televisão. "Hill
Street Blues – A Balada de Hill Street", assim se chamava essa série,
relatava o dia-a-dia numa esquadra de polícia de uma qualquer cidade americana.
Tão realistas eram as histórias que por lá passavam que a série se tornou num
enorme fenómeno de sucesso em todos os
paísesonde passou.
No séc XXI deu-se nova revolução na televisão com a estreia de várias séries de
grande qualidade, como por exemplo “Lost – Perdidos”; “Prison Break”, “Heroes”,
“Fringe”, “The Walking Dead”, entre mutas outras e que têm constituído um
grande sucesso onde quer que sejam exibidas."24”, é também uma dessa
séries.
uma vista da CTU
A CTU é uma unidade governamental de defesa contra o terrorismo internacional e
também doméstico. Eles são a primeira linha de intervenção assim que surge a
ameaça e são apenas responsáveis perante o Governo Federal. Jack Bauer (Kiefer
Sutherland) é um dos principais elementos dessa unidade e é com ele que vivemos
hora a hora, aquele que poderá ser o dia mais longo da sua vida (e das nossas,
também!).
A ideia para a série surgiu a Joel
Surnow, produtor executivo da Fox Television, que queria fazer uma série que
tivesse 24 episódios numa temporada, até aqui tudo bem, mas, segundo Surnow,
cada episódio teria uma hora de duração, cuja acção decorria ao longo de um dia
perfazendo as 24 horas, logo 24 episódios! Ele discutiu a ideia com Robert
Cochran, produtor da Fox, que não se mostrou muito convencido com a ideia. Após
se encontrarem os dois e Surnow apresentar a ideia e frisar o facto dela usar
tempo real de modo a criar uma tensão dramática que decorria numa corrida
contra o tempo é que Cochran se deixou convencer e os dois escreveram a
história que iriam apresentar á Fox.
Em Março de 2001, o episódio-piloto foi
filmado com um orçamento de 4.000.000 de dólares e foi apresentado como “A
série cujo formato iria mudar a forma de fazer televisão no futuro”. O episódio-piloto
foi muito bem recebido pelos críticos e público em geral, o que levou a que
fossem encomendados mais 12 episódios cuja produção teve inicio em Julho de
2001 e a estreia seria a 30 de Outubro, mas os ataques de 11 de Setembro,
atrasaram a estreia para 6 de Novembro. Após Kiefer Sutherland ganhar o Globo
de Ouro para Melhor Actor em Série Dramática, a Fox deu luz verde para se
filmar a segunda metade da temporada (11 episódios).
O relógio não pára
Originalidade foi coisa que nunca
faltou em “24”, cuja natureza de ser filmado em tempo real, é enfatizada pelo
relógio digital que aparece antes e depois de cada intervalo (quem tiver todas
as séries em DVD, apercebe-se disso pelo tempo que medeia entre cada parte,
separada por um écran negro, geralmente “no tempo da série” são dois ou três
minutos). Relógios menores, sempre de 12 horas e não 24 horas, como indica o
título, são apresentados durante a narrativa e indicam o horário do mundo na
história e as horas são sempre apresentadas no formato AM ou PM e aparecem
apenas na abertura. Para manter a narrativa
em continuidade, “24” não utiliza
cenas em câmera lenta, nem “flashbacks” (excepto uma única vez, no final
da primeira temporada, em que o relógio conta regressivamente das 00:00:03 para
as 00:00:00). Sempre que o relógio principal aparece, em cada “hora”, ouve-se
uma batida sonora característica a cada segundo que passa. Esta batida só se
ouve em raras ocasiões nomeadamente quando morre alguma personagem principal ou
depois de um acontecimento desastroso.
Com a acção passada num tempo
indeterminado ( a sombra do 11 de Setembro de 2001 paira em cada dia, a partir
da segunda metade da primeira temporada), maioritariamente situada em Los
Angeles, apesar da acção mudar para diferentes locais, mostrando outras
personagens, as suas acções e a
importância que terão na narrativa se
ouve ﷽a, ausente da s ocasiõ Esta batida srada nrtura cada parte (geralmente "o , recorrendo
regularmente para esse efeito ao uso de múltiplos écrans , “24" é uma
série com um ritmo intenso, cheio de voltas e reviravoltas, peripécias e mais
peripécias onde, até o mais infímo pormenor tem importância e qualquer problema
que as personagens, principais ou secundárias, tenham, mais tarde ou mais cedo,
será determinante no desenrolar daquele dia ou, até mesmo, daquela hora.
Jack Bauer,é um agente da CTU (Agência
de Contra Terrorismo), a primeira linha de defesa dos Estado Unidos contra
qualquer ameaça interna e externa, altamente especializado, segue uma regra de
ouro em que “os fins justificam os meios”, apesar da falta de moralidade de
algumas das suas acções. Ataques terroristas, tentativas de assassinato
presidencial, ameaças nucleares, químicas ou biológicas, ataques informáticos,
assim como conspirações governamentais ou corporativas, são, no entender de
Bauer, o seu dia-a-dia normal.
Ao longo das oito temporadas, "24" não segue uma cronologia rigorosa,
apesar da acção ser espaçada no tempo (desde alguns dias até alguns anos depois
da anterior) mas, cedo percebemos, que os acontecimentos de um dia, poderão ter
consequências noutro dia qualquer ou nas acções futuras de várias personagens.
Devido á greve dos argumentistas, em
2007-2008, a sétima temporada foi atrasada um ano. Para preencher o vazio entre
temporadas e ligar a acção, foi produzido o filme para televisão “24 – Redemption
– Redenção”. A acção passa-se três anos e meio depois dos acontecimentos da
sexta temporada. Jack está em África e vê-se apanhado no meio dum golpe militar
na nação fictícia de Sangala, enquanto nos Estados Unidos, está tudo pronto para
que Allison Taylor seja ajuramentada como Presidente.
Apesar de algumas mudanças significativas, devido á natureza imprevisível da
história, as personagens principais mudam freqentemente (com excepção de Kiefer
Sutherland, o único actor a entrar nos 192 episódios, divididos em oito
temporadas e um filme da televisão que dura a série). Particularmente nas
primeiras séries, uma personagem pode aparecer como secundário e, na série seguinte
passar ao elenco fixo ( por exemplo o caso de Mary Lynn Rajskub, no papel de Chloe O’Brien, uma
analista de dados da CTU, aparece como secundária na segunda temporada e passa
a ao elenco fixo a partir da terceira
temporada). Além de alguns actores e actrizes menos conhecidos, ainda somos
surpreendidos por ver, entre convidados, alguns nomes mais conhecidos como
Dennis Hopper, William Devane, Jon Voight, Powers Boothe, Robert Carlyle, James
Cromwell, Sean Astin, ou o nosso actor mais internacional, Joaquim de Almeida.
Chloe O'Brian, Analista de Dados, CTU
“24” foi nomeada diversas vezes para os Emmy’s
(Oscares da Televisão) em categorias como interpretação, realização, argumento
, montagem, som, banda sonora, entre outras, num total de 68 nomeações,
traduzidas em 20 vitórias. Em termos de nomeações, a quinta temporada foi a que
obteve maior número delas, 12, obtendo a vitória em cinco, incluindo A Melhor Série do Ano e o Melhor Actor em
Papel Principal. Após várias nomeações consecutivas para os Globos de Ouro, num
total de 12, “ 24” venceu duas, incluindo o Globo de Ouro para Melhor série
Dramática em 2003. Kiefer Sutherland já havia sido premiado em 2001.
"24", no final da oitava e última temporada (apesar
de haver rumores de um possível regresso em 2014, ainda com Kiefer Sutherland),
tornou-se a série de espionagem contínua de maior longa duração, ultrapassando
“Mission: Impossible – Missão: Impossível” (1966-1973) e “The Avengers – Os
Vingadores” (1961-1969)
Ao ver qualquer uma das temporadas,
ou qualquer um dos dias (a definição fica ao critério de cada um), é bom ter em
mente uma coisa muito importante: em "24", as coisas nem sempre são
aquilo que aparentam!
Nota: As Imagens e vídeo que ilustram o texto foram retiradas da Internet