quarta-feira, 21 de agosto de 2019

                                                               Grease - Um fenómeno musical fora de tempo! 


       Alguém disse, um dia, que a fórmula do musical era simples: rapaz e rapariga conhecem-se, cantam e dançam, apaixonam-se, zangam-se, cantam e dançam, fazem as pazes e vivem felizes para sempre. Tal simplicidade resultou durante as décadas de 40 e 50 no auge do musical. Mais recentemente em filmes como “Mamma Mia” (2008), “Chicago” (2002), “Os Miseráveis” (2013) ou em mais uma versão de “Assim Nasce Uma estrela” (2018), essa mesma fórmula foi reaplicada e resultou igualmente."Grease - Brilhantina" é um musical fora de tempo e um dos exemplos marcantes da reinvenção do género Musical.
        Originalmente, “Grease” é um musical de teatro criada em 1971 por Jim Jacobs e Warren Cassey sobre os gangs de jovens que existiam no nordeste e sudeste dos Estados Unidos, que se intitulavam “Greasers”, na maior parte eram filhos dos trabalhadores de classe média nos anos 50 e cujos modos e estilo de vida se tornaram muito populares entre a juventude da época. A acção da peça passa-se no ano de 1959, na (fictícia) Escola de Rydell High, é baseada nas experiências de Jacobs naquele tempo segue a vida de dez adolescentes (rapazes e raparigas), acompanhando-os na sua realidade escolar, namoros, amores, carros, “Drive-ins” sempre com música da época. 
Estreada em Chicago em 1971 e na Broadway em 1972, “Grease” bateu todos os recordes de permanência em exibição, em 1980 quando terminou o seu ciclo, tinham sido mais de 3.338 apresentações e foi a peça de maior longevidade na Broadway até ser ultrapassada por “A Chorus Line”, três anos depois. Tal como outras peças da Broadway, era apenas uma questão de tempo até chegar aos grandes écrans.
Califórnia, década de 50, Danny Zuko e Sandy  Olsson são dois jovens que se apaixonam durante o verão e vivem um intenso romance. Porém, as férias acabam e cada um tem que voltar para casa, ele para a sua terra e ela para a Austrália, não sabendo se alguma vez se voltarão a encontrar. Será o destino que se vai encarregar de lhes responder a essa questão.
John Travolta já tinha trabalhado anteriormente com Robert Stigwood, o produtor do filme, em “Saturday Night Fever – A Febre de Sábado á Noite” (John Badham, 1977) e até já tinha dado os primeiros passos na dança e no canto com o tema “Let Her In”, em 1976 além de já ter feito uma temporada de “Grease” onde interpretava “Doody” (um dos membros dos T-Birds). Depois de várias audições, o actor acabou por ser contratado pelo produtor. Seguro no papel da versão cinematográfica da peça teatral, John Travolta sugeriu a Stigwood o nome de Randal Kleiser, que o havia dirigido num telefilme de 1976, “The Boy in the Plastic Bubble” e avançou também o nome de Olivia Newton-John para o papel de Sandy que até então era apenas conhecida com cantora de música Country. O produtor aceitou as sugestões do actor e em bom tempo o fez. O filme não poderia ficar atrás da peça musical e, na esteira, da sua predecessora, foi um tremendo êxito de bilheteira.
   
Randal Kleiser fez aqui a sua estreia como realizador e faz um trabalho honesto, bonito, a camera acompanha bem as coreografias e as canções, mantendo ao longo de todo o filme uma "espécie" de relação amorosa com o par central ao filmá-los exaustivamente no seu dia-a-dia, cujo auge é atingido no baile de finalistas onde vêm ao de cima todos os conhecimentos e truques usados para filmar um bom número musical. Somos surpreendidos com algumas das melhores sequências do filme, nas quais não é alheio o trabalho de Patricia Birch,  coreógrafa de todos os números musicais do filme ( que anos mais tarde viria a dirigir o lamentável “Grease 2” com uma estreante chamada Michelle Pfeiffer). Foi o melhor trabalho e também o mais rentável da carreira do realizador. Nem mesmo "Lagoa Azul"(1980), seu filme seguinte, conseguiu ultrapassar a bilheteira de "Grease".
     
O par central é formado por John Travolta como Danny Zuko, líder dos T-Birds um grupo de greasers que faz as delícias das meninas da escola, especialmente as "Pink Ladies". O actor canta e dança bem, o que não é de estranhar pois o seu filme anterior tinha sido "A Febre de Sábado à Noite” onde também dançava. Aliás, alguns maneirismos da personagem de Danny foram copiados do Tony Manero de "A Febre de sábado à noite".
Olivia Newton-John é Sandy Olsson a menina ingénua que se apaixona por Danny, que vê o mundo cor-de-rosa como as suas companheiras de grupo, mas que cedo se apercebe que nem tudo é como ela pensa e que vai ter de lutar por um lugar no coração de Danny e para isso terá de dar uma volta na sua vida. A actriz, até então tinha apenas creditada uma pequena participação num filme de 1970, intitulado “Toomorrow”que nunca chegou a estrear,  mas que lhe serviu para lançar a sua carreira como cantora fora do âmbito da música Country, fez aqui a sua estreia no cinema nunca largando a sua carreira de cantora (que ganharia algum fulgor em 1981 com o tema “Physical” que foi número 1 em muitos países), dividindo o seu tempo com algumas aparições esporádicas em filmes ou séries de televisão.
Apesar do filme viver muito da actuação de John Travolta a dançar e a cantar, músicas encaixam-se na perfeição na dupla, como “Summer Nights” ou o grande hit da banda sonora que foi “You’re the One that I want” ou nos momentos a solo de cada um como “Greased Lightin’” (onde Travolta canta e dança na perfeição) ou “Hopelessly Devoted to You” onde Newton-John canta tão bem e com tal sentimento que o tema chega a criar um nó na garganta do espectador. Seria também este último tema que daria ao filme uma nomeação para o Oscar de Melhor Canção, mas que ficaria apenas por aí.

Quando estreou, em junho de 1978, “Grease” foi um sucesso imediato e no primeiro fim-de-semana foi número 2 na bilheteira (ficou atrás de “Jaws 2”), a nível doméstico rendeu cerca de 188.755.690dólares. A nível internacional, o filme rendeu cerca de 206.200.00 dólares, totalizando cerca de 394.955.690 dólares e bateu o então recorde de bilheteira que “The Sound of Music – A Música no Coração” mantinha desde 1965 como o filme Musical mais rentável de todos os tempos. Em anos recentes este recorde já foi batido por outros filmes musicais como “Mamma Mia” ou “Les Misérables – Os Miseráveis”, fazendo com que “Grease” seja actualmente o quarto filme Musical mais rentável de sempre.
    
Sendo um filme de estreias, não poderia ser melhor, mas ele é mais do que isso: "Grease", com as suas canções alegres que ficam no ouvido, ritmos que marcaram a década de 50 do século passado, coreografias inesquecíveis que gostamos de ver e rever novamente, é uma bonita, divertida e sincera homenagem a uma década considerada de ouro no género musical e também a uma era que começava nesta altura a dar os seus primeiros passos: a era do Rock 'N' Roll.
A não perder!


Nota: as imagens e vídeo que ilustram o texto foram retiradas da Internet










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