domingo, 6 de janeiro de 2019

          The Moody Blues – Entre os Blues e o Progressivo

   Em 1964, a Inglaterra ainda estava sob o efeito da fama e do histerismo que os “Os Quatro de Liverpool” tinham provocado no início da década e continuavam a provocar, quando em Warwickshire, perto da cidade de Birmingham, Ray Thomas, John Lodge e Mike Pinder, todos músicos que costumavam tocar juntos no liceu e ocasionalmente em “pubs” e festas sob o nome de “El Riot & The Rebels”, davam os primeiros passos na formação de um grupo musical que, tal como os Beatles, fizesse história. Mas, com a mesma rapidez com que se formaram, rapidamente se separaram, com Lodge a entrar para um Curso Profissional e Mike Pinder a ingressar no exército. Voltariam, no entanto a reencontrar-se com Thomas e, uma vez que continuavam com vontade de fazer música, recrutaram um vocalista/ guitarrista de nome Denny Laine. O manager da banda, Graeme Edge, tornou-se baterista e Clint Warwick assumiu o baixo. Os cinco apresentaram-se como “Moody Blues” em Birmingham. O nome do grupo nasceu de uma cervejaria, a “M&B”, que esperava ser patrocinada e lançada no mercado, mas que nunca o chegou a ser.  O grupo, a principio, actuava sob a designação de “The M Bs” ou “The M B Five”,  mas era também uma referência muito subtil  a um tema famoso de Duke Ellington, “Mood Indigo”.       
    De Birmingham a Londres foi um pequeno salto dado no início de 1965. Foi Alex Murray, que entretanto se tornara “manager” e ex-homem forte da “A&M Records”, quem conseguiu que o grupo fosse contratado pela “Decca Records”, que estava a dar os primeiros passos na indústria, para gravar as suas primeiras músicas. Gravaram o seu primeiro single, “Steal Your Heart Away”, nesse mesmo ano, mas foi completamente ignorado nos tops musicais. Entre aparições na televisão e alguns concertos em pequenas salas, “Os Moody Blues” gravaram um segundo single “Go Now”, que foi editado ainda no mesmo ano e que conseguiu alguma atenção do público e da crítica e permitiu o lançamento da sua carreira e que a “Decca Records” começasse a apostar no grupo e lhes desse luz verde para a gravação de um mini-álbum com quatro temas, intitulado “The Moody Blues”, que haviam sido os quatro lados dos dois singles anteriores, mas em versões longas.      O seu álbum de estreia viu a luz do dia ainda em 1965, “The Magnificent Moodies” vinha ainda envolto numa grande componente de “Rhythm & Blues”. Um dos lados era inteiramente preenchido com com covers de “R&B”  e o outro trazia quatro temas originais de Mike Pinder e Denny Laine.
   A edição de alguns temas, sem sucesso, em single, não ajudaram em nada e trouxeram divergências entre o grupo e Alex Murray, levando a que este abandonasse o seu papel de “manager”. O pouco sucesso conseguido nesta altura deve-se aos temas “From the Bottom of My Heart (I Love You)”, com um coro perto do final que já antecipava aquilo que viria mais tarde noutro tema do grupo e “Everyday”, ambos escritos pela dupla Pinder/Laine, que, apesar da prestação discreta nos tops, começaram a afirmar o som do grupo que por esta altura procurava fazer apresentações ao vivo fora do seu ambiente natural e que graças ao tema “Bye Bye Bird”, desenterrado do álbum, fazia uma boa carreira nos Estados Unidos e em França onde conseguiu um 3º lugar no top nacional.
   
1966 foi um ano de mudanças profundas no grupo. Derek Warwick, alegando problemas familiares, sai do grupo e retira-se do mundo da música, sendo substituído por Rod Clark e pouco tempo depois é a vez de Denny Laine sair e, de repente, o mundo pareceu desabar sobre os restantes membros do grupo que parecia estar na eminência de acabar. Mas, em novembro de 66, um artigo que apareceu numa revista da especialidade, afirmava que o grupo estava em estúdio para a gravação do segundo álbum, com material, na sua totalidade, escrito por Laine e com Thomas, Pinder e Clark (que além de baixo ainda assumia vozes). Mas não saiu nenhum longa duração. As  novas canções “Boulevard de la Madeleine” e “This is My House (But Nobody Calls)”, que fizeram o seu trajecto normal nos tops europeus (principalmente o primeiro que lhes granjeou uma enorme legião de fans na bélgica). 
Reformulado o grupo, com a chegada de John Lodge, que já havia tocado com Pinder nos “El Riot” e Justin Hayward, que vinha recomendado por Eric Burdon dos 
“Animals”. Pinder, depois de ouvir os seus acordes de guitarra num tema por si escrito, “London is Behind Me”, contactou Hayward e este foi imediatamente recrutado.
    Depois de alguns concertos mal sucedidos e algum azar monetário, o grupo concluiu que a sua ideia de fazer “covers” de blues americanos e outros temas, não estava a resultar e decidiram então que só tocariam repertório próprio. Tony Clarke, um dos produtores de renome na “Decca Records”, orientou uma sessão de gravações do grupo onde temas como “Fly Me High” de Justin Hayward ou “Really Haven’t Got the Time” de Mike Pinder nasceram para fazer parte do primeiro single da nova versão do grupo em maio de 1967. Apesar das boas críticas e da promoção na rádio, não conseguiu singrar nos tops britânicos, mas a sonoridade apresentada já dava pistas sobre a orientação musical que o grupo pretendia seguir.
   
A nova sonoridade do grupo, utilizando alguns sons sinfónicos criados pelo Mellotron de Mike Pinder surge no tema “Love and Beauty”, escrito pelo próprio e que seria editado em single em setembro de 1967 e que trazia no lado B um tema escrito por Justin Hayward, numa toada mais rock, “Leave This  Man Alone”. Mas ainda não foi desta vez que obtiveram um grande hit, mas começava a ser marcante o novo som do grupo e se, a flauta que Ray Thomas utilizara num dos temas do álbum de estreia, no tema “I’ve Got a Dream”, dera nas vistas, ela iria começar a ser decisiva daqui para a frente á medida que o grupo explorava as influências psicadélicas que se iriam tornar uma constante no som do grupo. Ainda em 1967, o grupo foi contactado para fazer uma versão rock da “New World Symphony” de Anton Dvorak. Mas o projecto acabaria por ficar apenas na intenção já que não se conseguiu chegar a nenhum acordo entre Hugh Mendl, um dos administradores da “Decca Records” de quem tinha partido a ideia e o grupo, representado por Peter Knight, que tinha sido encarregado de arranjar e conduzir as partes orquestrais que iriam fazer parte do projecto. Knight acabaria no entanto por colaborar no álbum que o grupo estava a preparar com material seu.
“Days of Future Passed”, viu a luz do dia em novembro de 1967 e, apesar de algum cepticismo por parte dos executivos da “Decca” no que respeita a “Concept Albuns”, acabou por ser um dos discos mais celebrado e vendido de sempre. O álbum é constituído por um ciclo de canções que decorre no espaço de um só dia (de manhã á noite) e no que respeita á produção e arranjos, o álbum inspirou-se no pioneirismo de uso de instrumentos clássicos dos Beatles e na utilização do Mellotron (sintetizador) que Pinder introduzira nesse mesmo ano. O grupo utilizaria ainda a designação de “The London  Festival Orchestra” (nome fictício utilizado pelos músicos de estúdio da Decca Records) para criar uma ligação orquestral aos temas já escritos e interpretados pela banda e ainda uma abertura e conclusão poética interpretada por Mike Pinder.
O álbum, mais os dois singles dele extraídos (“Nights in White Satin” e “Tuesday Afternoon”) demoraram algum tempo a encontrar a sua audiência, principalmente na Grâ-Bretanha onde os dois singles andaram discretamente pelos tops, em que o primeiro mais não conseguiu que um modesto 9º lugar e o segundo, inicialmente não esteve em nenhum top, mas veria a conseguir triunfar fora do seu país. “Nights in White Satin”, viria, posteriormente a ser considerado um dos melhores temas de sempre de Rock Progressivo e, inevitavelmente, o melhor cartão de apresentação do grupo.
         
 Em 1968, o terceiro álbum, “In Search of the Lost Chord”, manteve os “Moody Blues” na exploração de novas sonoridades para embelezar e diferenciá-los do resto dos grupos musicais. “Legend of a Mind”, por exemplo, incluía um solo de flauta tocada por Ray Thomas; John Lodge contribuiu com um tema dividido em duas partes, “House of Four Doors”; Justin Hayward começou a tocar Sitar em vários temas (“Voices in the Sky”, “Visions of Paradise”, “Om”, entre outros), inspirado pelos ideais de George Harrison. Este álbum marcou também o facto de Graeme Edge começar a escrever e contribuir com alguma poesia que viria ser ouvida no começo dos álbuns subsequentes do grupo, poesia essa que era dita pelos outros membros do grupo e, conceptualmente, relacionada com os temas que se lhe seguiam. O poema do tema “Departure” é dito pelo próprio Edge. Tal como no álbum anterior, foram extraídos alguns singles para fazerem carreira nos tops, mas apenas “Ride My See-Saw” e “The Best Way to Travel” tiveram alguma (pouca) visibilidade.
   
1969, viu o grupo editar “On The Threshold of a Dream”, o seu quarto álbum, que continuou a orientação do grupo na criação de “Concept Albuns” e desta vez a temática principal são os sonhos. O álbum começa com “In The Beginning” um poema, dito por Hayward, Pinder e Edge, acompanhado por sons electrónicos (que voltarão a ser ouvidos no final do álbum). O climax do álbum é atingido pelo tema “The Voyage” um instrumental quase perfeito que separa as duas partes do tema “Have You Heard?”. Este álbum proporcionou ao grupo o seu primeiro número 1 no top britânico e militou entre os 20 primeiros álbuns nas tabelas americanas, apesar do seu único single, “Never Comes the Day” ter sido um fracasso comercial. Mas nem esse facto abalou a confiança e satisfação do grupo com a carreira no álbum, que era tão grande que antes do final do ano editariam novo álbum.
         
“To Our Children’s Children’s Children”, quinto álbum dos “Moody Blues” apareceu em novembro de 1969 e foi o primeiro lançamento na editora “Threshold”, que o grupo fundara em homenagem ao seu álbum anterior. Inspirado pela aterragem na lua da “Apollo XI” e muito baseado numa duologia musical temática de viagens espaciais e crianças, com várias influências psicadélicas, o álbum é unanimemente considerado uma das obras-primas do rock sinfónico e um dos melhores álbuns do grupo no período considerado o mais criativo da sua carreira, entre 1967 e 1972.  O tema escolhido para single de apresentação, “Watching and Waiting”, uma vez mais, não resultou nos tops, mas o álbum foi muito bem recebido e conseguiu um respeitoso número 2 no top britânico. O grupo embarcou numa tounée europeia para promover o álbum, mas, a grande dificuldade em tocar grande parte dos temas ao vivo devido á sua complexidade musical, levou-os a encurtar os concertos e repensar a construção musical dos seus temas. Rapidamente encontraram a solução e aplicaram-na no seu álbum seguinte.
     
Decididos a gravar um álbum que pudesse ser tocado ao vivo, sem a pompa e circunstância orquestral que preencheu os seus álbums anteriores, os “Moody Blues” gravam “A Question of Balance” que é editado em 1970 e que atingiu o 1ºlugar nas tabelas britânicas e um respeitável 3º nas americanas, o que indiciou desde logo o sucesso que o grupo começava a obter do outro lado do atlântico. As preocupações ecológicas em temas como “Don’t you Feel Small”, o tema escolhido para apresentação do álbum ou “Question” que alcançou o nº2 nas tabelas de singles britânicas, acabam por ser algo ultrapassadas pelo tema “Tortoise and the Hare”, que além de passar a ser um preferido nos concertos, culminava com grandes solos de guitarra de Justin Hayward ou pela peça romântica escrita por Ray Thomas “And The Tide Rushes In” cantada de forma suave e ilustrada por belos efeitos instrumentais. Este álbum conduziu-os directamente a duas aparições, sempre com sucesso, no prestigiado Festival da Ilha de Wight. O sucesso continuava a ajudar o grupo.
   
Já entrados na década de 70, uma década cheia de mudanças a todos os níveis, os “Moody Blues” mantinham-se em forma para os seus dois álbuns seguintes: “Every Good Boy Deserves Favour”, de 1971, volta a encontrar a assinatura do grupo em temas com sonoridades de orquestra e a crescente dificuldade de os tocar em concertos. É talvez o álbum mais perfeito da sua carreira, o que fica comprovado em temas como “The Story in your eyes”, “Emily’s Song”, “Nice to be Here” ou “My Song” que se creditam como das melhores peças musicais da sua obra que, como tantas outras, os tops não fizeram justiça. “Seventh Sojourn” de 1972, veio a ser um álbum mais calmo que o anterior com algumas baladas a soarem tipo “Nights in White Satin”, tal foi o caso de “New Horizons”. Dele foram extraídos os temas “Isn´t life Strange?” e “I’m Just a Singer (in a Rock and Roll band)”, ambos da autoria de John Lodge, os temas que apresentaram o álbum ao público e mais não conseguiram que, respectivamente, um 13º e 36º lugar nas tabelas de venda.
     Na primavera de 1974, depois de completarem uma longa tournée mundial que os levou pela primeira até ao continente asiático, o grupo decidiu fazer uma pausa na sua carreira (que na altura foi entendida como uma ruptura) porque todos os seus membros se encontravam exaustos e tinham também alguns projectos a solo paralelos que iriam ver a luz do dia ao longo dos anos seguintes. Mike Pinder, que entretanto se mudara para a Califórnia, ainda tentou, no início de 1975, juntar os restantes membros do grupo para a gravação de um novo álbum. Viajou até inglaterra para se juntar a eles, mas a resposta foi tão fraca que ele regressou aos Estados Unidos. Os “Moody Blues” só se voltariam a reunir como grupo no final de 1977. 
Mas a reunião do grupo não iria correr como se pretendia. A editora Decca, como que a antecipar um novo álbum e para espevitar o interesse do público, faz sair uma série de gravações, contra a vontade dos músicos, de temas com cerca de oito anos e mal misturados, do grupo a tocar no Royal Albert Hall. As sessões de gravação do novo álbum foram feitas num clima de grande tensão e divisão evidentes. Algumas causas naturais, como um incêndio no estúdio ou deslizamentos de terras causadas por chuvadas intensas, contribuíram definitivamente para que o novo álbum fosse atrasado. Mike Pinder saiu do grupo antes das gravações estarem concluídas, obrigando ao recurso a músicos de estúdio e o produtor Tony Clarke, alegando razões pessoais, foi forçado a sair deixando a produção do álbum a meio. 
   
Na primavera de 1978, “Octave”, viu finalmente a luz do dia e foi recebido com cautela por um público, por esta altura, mais virado para a música “Punk” ou o “Disco” e que justificou um honroso sexto lugar no top britânico e um honroso número 19 no top americano, apesar do álbum ter sido Disco de Platina do outo lado do atlântico. Produzindo apenas dois singles de relevo, “Steppin’ in a Slide Zone” e “Driftwood”, o álbum vendeu bem. Simplista  com temas que variam entre rock e folk, passando por temas pseudo-clássicos e teminando com temas de cariz militarista acompanhados de instrumentação orquestral, “Octave” marcou o regresso do grupo ás quase sonoridades temáticas dos seus álbuns iniciais.
 Por esta altura, Mike Pinder já tinha sido substituído por Patrick Moraz, que acabara de ser dispensado dos “Yes”, outro grupo de rock progressivo britânico, e passou a integrar os “Moody Blues” nos concertos, passando a membro integrante do grupo no final da tournée. O álbum vendeu ainda melhor quando formou a base da “Octave World Tour” que levou o grupo um pouco a todo o mundo entre outubro de 1978 e grande parte de 1979.
   Em 1980, o grupo, agora reformulado, estava pronto para entrar novamente em estúdio. Mike Pinder, ao ver-se substituído pelo teclista suíço e percebendo que o grupo já não contava consigo, apesar de ter deixado presente que não quereria voltar a tocar em concertos, ainda tentou mover um processo aos seus antigos companheiros para impedir que um novo álbum fosse editado. Mas em vão. O músico nunca mais voltou ao grupo.
   
1981 viu sair “Long Distance Voyager”, que foi o primeiro álbum com Patrick Moraz e foi gravado nos estúdios “Threshold” que pertenciam ao grupo. A reforçar Justin Hayward, John Lodge, Ray Thomas, Graeme Edge e Patrick Moraz estava uma secção de violinos, violas, violoncelos e baixos duplos que reformulavam o som do grupo em temas como “Gemini Dream”. O álbum obteve um sucesso sem precedentes na carreira do grupo e reaproximou o público do grupo graças ao tema “The Voice”, escrito por Hayward, que foi o seu último número 1 na sua já longa carreira. O álbum promoveu diversos temas e mostrou a faceta criativa dos seus autores: “Gemimi Dream” da autoria de Justin Hayward e John Lodge; Graeme Edge, com o seu “22,000 Days” quase que ultrapassava Justin Hayward e Ray Thomas, além de providenciar a voz em “22,000 Days” acompanhado por Hayward e Lodge, foi responsável pelos temas que fecham o álbum com chave de oiro: “Painted Smile” e “Veteran Cosmic Rocker”. “Long Distance Voyager” é um “Concept-album” apenas parcialmente já que só apenas alguns temas têm a ver com o “Voyager” do título (que era nem mais nem menos que a Sonda Voyager que tinha sido lançada para o espaço pouco tempo antes). A Tounée de apresentação do álbum despertou toda uma nova geração para o som do grupo e serviu para firmar Patrick Moraz como membro do grupo já que a sua técnica nos teclados transformava a sonoridade do grupo em algo completamente diferente do que se estava habituado, mesmo em temas onde os teclados não existiam e afirmava-os com um dos grupos da frente do Rock Progressivo.
      
Ao longo da década de 80 do século passado, o grupo viu então a sua música ser apreciada pela geração que nascera do final da década de 60 enquanto todos aqueles que os acompanhavam desde a sua formação achavam que o grupo fugia para um género de música mais suavizada do que a que faziam até então. Mas o receio dos últimos não trouxe medo ao grupo e em 1983 “The Present” surge no mercado mas não consegue convencer muito, apesar de dois sucessos, “Sitting at the Wheel” e “Blue World”mas que não vingaram nos tops em ambos os lados do atlântico. Teriam que passar mais 3 anos até o grupo recuperar do insucesso deste album.
    “The Other Side of Life”, editado em 1986, realinhou o universo o grupo novamente no caminho do sucesso graças ao tema “Your Wildest Dreams” que lhes trouxe um novo alento á carreira: foram uns dos poucos sobreviventes que passaram das sonoridades psicadélicas dos anos 60 para os novos sons da década de 80 sem grandes alterações na sua própria sonoridade. O renovado interesse na banda, obtido graças a uma escolha variada de estilos e sons incluídos neste álbum (desde o uso e abuso de sintetizadores, sequenciadores e caixas de ritmos ao ponto de quase ser classificado como “Synth-Pop”), trouxe-lhes uma audiência mais jovem que timidamente os começara a ouvir em 1981, acompanhada por aqueles que já vinham do início, apesar de uma parte achar que os álbuns desta nova fase eram muito mais suaves no seu conteúdo do que os primeiros. Moraz, com o seu som moderno, ajudado por Barry Radman, um programador de sintetizadores, tudo misturado por Tony Visconti, o novo produtor do grupo, trouxe-lhes algo que o grupo ainda procurava para se poder manter competitivo com os grupos pop contemporâneos (nomeadamente os “New Romantics”, como “Duran Duran”, “Spandau Ballet”, “Classix Nouveaux”, “Visage” ou “Ultravox”, só para citar alguns, que surgiram em força no início dos anos 80).
Firmes na nova fase da sua carreira, o grupo edita, em 1988, “Sur La Mer” como uma possível continuação do álbum anterior, mas acaba por ficar apenas na intenção porque, apesar de começar bem com “I Know you’re out There Somewhere” (visto pela maior parte dos críticos da altura como uma extensão de “Your Wildest Dreams”, mas superior em termos de letra e de música), fica-se só por aí. 
   
Ray Thomas, com um papel cada vez mais diminuto nas novas sonoridades do grupo, viu-se assim reduzido ao papel de um mero elemento de decoração, já que “Sur La Mer” não incluiu nenhuma composição sua e nem sequer o seu nome constava na ficha técnica do álbum, mas continuava membro do grupo. Patrick Moraz também se mostrou pouco satisfeito com a ausência de Thomas e também com alguma perda de qualidade que a música do grupo estava a apresentar. Esta situação criou algum mau ambiente no seio do grupo. O músico, ocupado com a realização de um imenso espectáculo musical para celebrar os 700 anos da sua suiça natal, faltava frequentemente aos ensaios comos restantes membros do grupo e acabou por ser expulso do grupo e substituído por Bias Boshell que actuava como segundo teclista nos concertos do grupo desde 1986.
           
  A década de 90 nada trouxe de novo ao grupo além de mais dois álbuns de estúdio: “Keys of the Kingdom” em 1991, que, á semelhança do anterior, falhou em termos de produção de hits musicais, marcando assim o início do declinio do grupo em termos musicais, apesar do regresso de Ray Thomas que voltou a ter um papel relevante no som do grupo; “Strange Times” em 1999 que orientou a som do grupo para toadas mais acústicas com alguns laivos de guitarras eléctricas e toques de flauta acompanhados de grandes malhas de sintetizadores, que apenas acentuaram ainda mais a grave crise musical que atingira o grupo. Foi também o último álbum em que Ray Thomas participa como membro. 
Mas apesar das quebras de qualidade musical do grupo, este permanecia grande em termos de concertos ao vivo e em 1992, numa série de concertos para angariação de fundos, o grupo actua no Anfiteatro das Red Rocks no Colorado com a Orquestra Sinfónica do Colorado na comemoração dos 25 anos do álbum “Days of Future Passed”. O sucesso é tão grande que, no ano seguinte, é edtado o álbum “A Night at the Red Rocks with the Symphony Orchestra of Colorado” que vinha acompanhado de um vídeo com o concerto filmado integralmente. Foi o último grande sucesso do grupo. 
        
Os anos 2000, pouco ou nada acrescentaram á carreira dos Moody Blues, a não ser prémios e honrarias. Em 2003, editam “December”, primeiro álbum de originais sem Ray Thomas. Os temas, tal como o seu primeiro álbum no já distante ano de 1965, são versões de temas que versam o natal e permanece como o último álbum do grupo.
Em 2015, o grupo foi introduzido no “Rock and Roll Hall of Fame”, depois de terem sido considerados como uma das bandas que mais influenciaram a música na história do Rock.





Nota: as imagens e vídeo que ilustram este artigo foram retirados da Internet



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