segunda-feira, 27 de julho de 2015

OS Cinco – O Regresso à Juventude


   
Com a excepção de Agatha Christie, a grande escritora de livros policiais e Enid Blyton, autora de inúmeras obras para crianças e jovens, não conheço nenhuma outra escritora cuja obra literária fosse tão importante na cultura do século XX.
Se Agatha Christie foi e ainda é considerada a grande “Dama do Crime”, com  as suas personagens famosas como o Detective  Hercule Poirot, ou Miss Marple, a servirem de mote a um sem número de escritores,  já Enid Blyton, com as suas mais de 700 obras (!) publicadas, entre livros,  poesia e artigos, divididas  entre obras em nome próprio e obras publicadas sob o pseudónimo de Mary Pollock, deve ser considerada a mais profícua contadora de histórias para crianças que alguma vez existiu.
   
Enid Mary Blyton (1897-1968) foi uma escritora britânica de literatura infantil, cujos livros têm estado entre os mais vendidos de sempre desde os anos 30, vendendo um total de 600.000.000 de cópias, continuam a ser enormemente populares e encontram-se traduzidos em mais de 90 línguas.
O seu primeiro livro “Child Whispers”, uma colecção de poemas apresentados em 24 páginas, foi publicado em 1922 e desde então nunca mais parou de escrever. No pico da fama, entre as décadas de 40 e 50, chegava a publicar entre 10 a 20 (!) livros por ano. Faleceu em 1968, deixando algumas obras incompletas que seriam terminadas pelos seus herdeiros, nomeadamente pela sua neta, Sophie Smalwood e postumamente editadas ao longo dos anos subsequentes á sua morte.
Entre as muitas séries que escreveu, as mais famosas e também as mais lidas em todo o mundo, encontram-se “Noddy”, “Mistério”, “As Gémeas em Sta. Clara”, “O Colégio das Quatro Torres”, “Os Sete”, entre muitas outras. Mas a sua criação mais famosa de todas, à excepção da série infantil “Noddy”, foi a série dos Famosos Cinco, que ainda hoje se lê com o mesmo agrado que se teve quando nos chegou ás mãos o primeiro livro das suas aventuras.   
 
A série “Os Famosos Cinco”, ou apenas “Os Cinco” como ficou conhecida em Portugal, nasceu em 1942  e relatava as diversas aventuras de um um grupo de quatro crianças  e o seu cão. Na verdade, três das crianças eram irmãos e a quarta era prima deles. As crianças eram: Julian (Júlio), o mais velho, alto e inteligente, forte, simpático e responsável, naturalmente, o líder do grupo. No início da série, Julian tem 12 anos;  Dick (David), dono de um humor tipicamente britânico (adaptado em Portugal á nossa realidade), não tão inteligente como Julian, mas igualmente responsável. É um ano mais novo que o seu irmão, Julian e no início da série tem 11 anos; Georgina ( Maria José), prima de Julian, Dick e Anne, é uma maria-rapaz, usa o cabelo curto como os rapazes e veste-se como eles. Quer que a tratem por George ( Zé) ou então não responde.
    Dona de uma personalidade muito forte, tem um espírito de aventureira, corajosa e de difícil relacionamento com outras pessoas (Enid Blyton admitiria que a personagem de Georgina era muito baseada em si própria), Georgina tem a mesma idade que o seu primo Dick;  Anne (Ana), é a mais nova do grupo. Pouco dada a aventuras, não as aprecia tanto como os outros, assusta-se facilmente. Por ser a mais nova, gosta de se ocupar das tarefas domésticas nas aventuras, planeando e organizando as coisas e gosta de ter tudo arrumado, seja em casa, seja nos acampamentos  e é muito protegida pelos seus dois irmãos mais velhos, apesar de Dick gostar sempre de a provocar um pouco  e ser sempre o primeiro a tentar animá-la quando ela se sente aborrecida ou triste. No início da série, Anne tem 10 anos; Timmy (Tim) é um cão brincalhão, afável e muito dedicado aos seus quatro companheiros, mas principalmente é-o em relação a Georgina que o considera, nas suas próprias palavras, o melhor cão do mundo. Inteligente e protector, Timmy torna-se decisivo em muitas aventuras ao providenciar protecção física ás crianças em momentos de grande aflição.     
    O primeiro livro “Five on a Treasure Island – Os Cinco na Ilha do Tesouro”, foi publicado em 1942 e começa quando os três irmãos vão passar férias ao “Casal Quirrin”, uma propriedade situada junto ao mar, no Condado de Dorset em Inglaterra, que pertence aos tios, Quentin ( irmão do pai de Julian, Dick e Anne), um cientista famoso e brilhante, conhecido pelo seu temperamento delicado, distraído e grande falta de humor, é no entanto, um pai extremoso, marido e tio dedicado e muito orgulhoso da sua filha  e Fanny, que, ao longo dos livros, vai assumindo uma figura maternal nas vidas das crianças, e onde conhecem a sua irascível prima, Georgina e o seu cão, Timmy. Em frente á praia onde fazem as suas férias, está a Baía Kirrin e nela existe uma ilha com uma fortaleza em ruínas, que Georgina diz ser da sua família e será lá que acontecerá a sua primeira aventura e algumas outras posteriores.
   
As histórias passam-se sempre durante as férias escolares deles (Julian e Dick estão num colégio, Georgina e Anne estão noutro), seja no natal, seja no verão ou seja na páscoa. Sempre que eles se juntam, acontece uma aventura, umas vezes envolve criminosos, outras vezes a procura de um tesouro perdido.   O cenário das aventuras também varia. Algumas vezes passam-se no Casal Kirrin, na Ilha Kirrin, outras vezes a acção passa-se em casas e quintas típicas inglesas, algumas  com centenas de anos de existência, com passagens secretas ou túneis utilizados por ladrões, raptores ou antigos contrabandistas. Outras aventuras acontecem em que “Os Cinco” vão acampar para o campo, ou em passeio de bicicleta ou até mesmo em “Charretes” alugadas para ir passear país fora. Os cenários são, quase sempre, rurais e permitem ao grupo descobrir a vida ao ar livre, a vida comunitária, ilhas, as terras inglesa e irlandesa, a beira-mar, assim como os pequenos prazeres de um piquenique, comidas caseiras, limonadas, passeios de bicicleta, de charrete e natação.   
   Enid Blyton tencionava escrever entre seis a oito livros na série, mas o sucesso comercial  foi tal, principalmente entre as camadas mais jovens, que ela acabou por se ver forçada a escrever vinte e um livros na série, um por ano, desde 1942 até 1963, quando escreveu “Five are Together Again – Os Cinco e a Torre do Sábio”, vigésimo-primeiro e último livro da série. Hoje em dia vendem-se cerca de 2000.000 de cópias por ano das obras de Enyd Blyton, principalmente dos livros infantis. No total, a sua obra já vendeu mais de 100.000.000 de cópias, tornando-a numa das mais bem sucedidas escritoras de sempre.
   Em 1971, o legado de Enid Blyton autorizou Claude Voilier (pseudónimo de Andrée Labedan), professora, jornalista e tradutora, a dar continuidade ás aventuras de “Os Cinco”, já que desde sempre as suas aventuras tinham sido extremamente populares em França, algumas delas tinha sido a própria a traduzir para francês. Nascia assim a série “As Novas Aventuras dos Cinco, constituída por 24 novas histórias, publicadas entre 1971 e 1985.
   Em 1997, foram encontrados diversos textos inéditos que continha várias pequenas histórias, escritas em 1963, alguns haviam feito parte duma revista publicada ainda em vida da escritora, outros não, deveriam ser esboços para outras futuras aventuras, mas que a autora não quisera publicar na altura. Como estavam completas, os seus familiares acharam que seria interessante publicá-las como sendo parte integrante das aventuras originais de “Os Cinco” e assim apareceu  “Five Have a Puzzling Time and Other Stories – Os Cinco e a Luz Misteriosa”, constituído por oito contos, tornando-se o vigésimo-segundo livro das aventuras de “Os Cinco”, editado em 1998, 30 anos depois da morte da escritora.
Foi com Julio Verne, para mim, o melhor escritor de todos os tempos, que aprendi a ler, mas foi com Enid Blyton, que  comecei a cultivar o gosto pela leitura, que,  de resto, ainda hoje se mantém.
                                                        



Nota: as imagens que ilustram o texto foram retiradas da Internet

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