terça-feira, 17 de junho de 2014

O Filme de Terror I


           - Origens e Primeiras Décadas (1896 – 1959)

       O  Género ficcional de terror ou horror sempre fez parte do cinema, apesar de existir em qualquer meio de comunicação no qual se pretenda provocar uma sensação de medo que é a principal fonte dos filmes de terror. Muito ligado á ficção científica e ao fantástico, é, desde a década de 60, considerado um género á parte, orientado para um público específico que se rende também aos subgéneros por ele criados.
        
Lobisomens, vampiros, fantasmas, aliens, demónios, monstros, canibais, zombies, “serial killers”, diversos tipos de medos, pesadelos e terror do desconhecido, são uma constante nos filmes de terror. Existe sempre a intromissão de uma força maligna, alguém ou alguma coisa de origem sobrenatural que vem interferir no quotidiano das personagens.
   Os primeiros filmes, curtas-metragens na realidade, apareceram com o pioneiro do cinema, Georges Méliès, sendo os mais conhecidos, “Le Manoir du Diable”,em 1896,  que é considerado o primeiro filme de terror da história do cinema e “La Caverne Maudite” em 1898, em ambos o tema é o sobrenatural.
     
No início do século XX, apareceu uma primeira versão de “Frankenstein”, em 1910, que foi considerada perdida durante muitos anos, tendo sido o primeiro monstro a aparecer no cinema, logo seguido das primeiras versões de “Quasimodo, O Corcunda de Notre-Dame”, baseado no romance de Vitor Hugo, que incluem “Esmeralda” (Alice Guy, 1906); “The Hunchback”(Van Dyke Brooke, 1909); “The Love of a Hunchback” (1910) e “Notre-Dame de Paris” (Albert Capellani, 1911) .  
   
Max Schreck, em "Nosferatu" 
Na Alemanha, o expressionismo  alemão ganha forma no cinema através de alguns filmes que irão influenciar, não só o género de terror, como também o cinema em geral. “Der Golem – O Golem“ (Paul Wegener e Carl Boese, 1920) ou “The Cabinet of Dr.Caligari – O Gabinete do Dr.Caligari “ (Robert Wiene, 1920), são dois desses filmes, assim como “Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens – Nosferatu, o Vampiro” (F.W. Murnau, 1922), uma adaptação não autorizada do livro de Bram Stoker, foi o primeiro filme sobre vampiros que se fez no cinema.
        
Lon Chaney
Em Hollywood, Lon Chaney tornava-se o primeiro actor  em filmes de terror, ao entrar em “The Hutchback of Notre Dame – Nossa Senhora de Paris” (Wallace Worsley,1923) e “The Monster” (Roland West, 1925). Ainda na década de 20,  filmes como “Dr. Jekyll and Mr.Hyde – O Médico e o Monstro” (John S. Robertson, 1920),  “The Lost World – O Mundo Perdido” (Harry O. Hoyt, 1925), “The Phanton of the Opera – O Fantasma da Ópera” ( Rupert Julian, 1925), entre muitos outros, firmaram o terror como género de futuro.
   No início do cinema falado, a Universal Pictures estreou uma série de filmes de terror que obtiveram sucesso. Foi o caso de “Dracula” (Tod Browning, 1931) com Bela Lugosi, que tornaria a personagem de Bram Stoker uma das mais famosas e interpretadas do cinema; “The Mummy – A Múmia”(1932) introduziria a egiptologia como tema para o género; “Frankenstein – O Homem que criou o Monstro” (James Whale, 1931), que tornaria o actor Boris Karloff numa das referências do género, apesar dele apenas ter interpretado o monstro em três ocasiões, sendo as outras duas: “Bride of Frankenstein – A Noiva de Frankenstein” (James Whale, 1935) e “Son of Frankenstein – O Filho de Frankenstein” (Rowland V. Lee, 1939).
   Outros estúdios, no entanto, viram as potencialidades do género e começaram a sua produção de filmes de terror, que incluíam entre outros “Freaks – A Parada dos Monstros” (Tod Browning, 1932),depois de completado, o filme foi recusado pelo estúdio e manteve-se por estrear durante mais de trinta anos; nova versão de “Dr.Jekyll and Mr.Hide – O Médico e o Monstro” (Rouben Mamoulian, 1931), mais lembrado pela utilização de filtros de cor para criar a transformação  do Dr.Jekyll; “Mystery of the Wax Museum – Máscaras de Cera” (Michael Curtiz, 1933); ou ainda “Island of the Lost Souls – A Ilha das Almas Selvagens” (Erle C. Kenton, 1932)
   
Já na década de 40, a Universal continuou a liderar com os filmes de terror, principalmente com o seu  “The Wolf Man – O Homem Lobo” (George Waggner,1941), que apesar de não ser o primeiro filme sobre lobisomens, foi certamente um dos que mais influenciou o género da licantropia. Em 1940, o realizador Britânico Alfred Hitchcock chega a Hollywood trazido pelo todo-poderoso produtor David O.Zelznick para filmar “Rebecca – Rebecca”, uma adaptação do thriller psicológico escrito por Daphne Du Murier, com Laurence Olivier e Joan Fontaine. O filme conta a história de um casal cuja noiva é assombrada pela memória da falecida primeira mulher do seu noivo. O filme introduziu no género uma temática que apenas anos mais tarde seria explorada: o suspense. Apesar das difíceis relações entre o produtor e o realizador por causa da abordagem ao tema, o filme foi um grande sucesso de bilheteira e ganhou dois Oscares da Academia, incluindo o de Melhor Filme do Ano. Hitchcock teve aqui a sua primeira nomeação para os Oscares e apesar de não ter ganho o prémio, entrava pela porta grande na fábrica dos sonhos.
Bela Lugosi, o eterno "Drácula"
   Com o terror seguro dentro da sétima arte, muitos actores construíram as suas carreiras em torno do género, principalmente Bela Lugosi , que, na sua longa carreira, fez mais de cem filmes a interpretar Dracula,. Reza a história que a personagem o marcou tanto que já no final da sua vida, na sua mansão, o actor dormia num caixão e que morreu a pensar que era a encarnação perfeita da personagem criada por Bram Stoker e Boris Karloff. Qualquer filme que os tivesse como protagonistas, era um sucesso garantido. Karloff, ao longo da década aparece em filmes importantes dos quais se destaca “The Body Snatcher – O Túmulo Vazio” (1945), no qual também entrava Bela Lugosi; outros filmes da década marcaram a diferença, como  “Cat People – A Pantera” (Jacques Tourneur, 1942) e “I Walked with a Zombie - Zombie”( Jacques Tourneur,1943) e que ficaram bem acima das limitações auto-impostas pelo género.
  Com o avanço da tecnologia que se deu ao longo da década de 50, também o tom dos filmes de terror passou das temáticas góticas para preocupações mais contemporâneas. Surgiram dois sub-géneros: a preocupação com o “Armagedão” (vulgarmente conhecido como “O Dia do Juízo Final” ou quando os exércitos do Bem enfrentam as forças do Mal) e o filme demoníaco. Uma série de produções (a maior parte delas de baixo orçamento) mostravam a humanidade a enfrentar ameaças vindas de fora: invasões extraterrestres, mutações mortíferas de pessoas, animais e plantas. Em alguns casos, como com “Godzilla – O Monstro do Oceano Pacífico” (Ishirô Honda, 1954) e suas sequelas, a mutação acontece com os efeitos da radiação nuclear.
   Foi também durante esta década que os realizadores e produtores começaram a fundir a ficção científica com terror, aproveitando assim algum do ambiente que a Guerra Fria proporcionava: “The Thing from Another World – A Ameaça” (Christian Nyby e Howard Hawks, 1951) ou “The Invasion of the Body Snatchers – A Terra em Perigo” (Don Siegel, 1956), são obras de referência; já “The Incredible Shrinking Man – Os Sentenciados” (Jack Arnold, 1957), baseado numa novela de Richard Matheson, foi, na altura, considerado uma obra-prima do género, pois conseguia conciliar uma história de ficção científica com os medos de se viver numa Era Atómica e ao terror duma alienação social.
   
Ainda nesta década, a Grã-Bretanha emergiu como produtora de filmes de terror. A Hammer, estúdio Britânico de produção, inicia-se neste tipo de produções a partir do meio da década e obtém enorme sucesso que envolve personagens clássicas do cinema de terror a serem mostradas pela primeira vez a cores, seguindo o exemplo da Universal no género, umas vezes com Peter Cushing, outras com Christopher Lee, alguns destes filmes incluindo “The Curse of Frankenstein – A Máscara de Frankenstein” (Terence Fisher, 1957) ou “Dracula – O Horror de Dracula” (Terence Fisher, 1958) e as suas numerosas continuações e quase sempre com Terence Fisher como realizador de algumas dessas obras, foram responsáveis pelo boom do cinema de terror na Grã-Bretanha durante as décadas subsequentes.
                                                                                                          (continua)

Nota: as imagens que ilustram o texto foram retiradas da Internet


     
           
           

            

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