sábado, 18 de maio de 2013

Battlestar Galactica – Odisseia Espacial em Televisão I


          
                      I - Um Novo Universo (1978 – 1979)

   
 Em 1978, “Star Wars – Guerra das Estrelas”, o fantástico universo criado por George Lucas, um dos maiores visionários do cinema no final do século XX, tinha redefinido o cinema e, em particular, a ficção científica. Desde que estreara, em maio de 1977, tornara-se o maior êxito de bilheteira da história do cinema, batendo recordes em todo o mundo. Nada, nem ninguém, conseguiu ficar indiferente ao impacto que o filme teve no mundo inteiro. Também a televisão, principal rival do cinema, foi tocada por este fenómeno mundial  e quis logo de imediato responder com outro sucesso idêntico para não perder o seu público.
   
Na altura deste sucesso mundial, discutia-se a influência que o livro “Eram os Deuses Astronautas?” de Erich Von Daniken, publicado em 1968 e que fala da possibilidade das antigas Civilizações  terrestres terem a sua origem no espaço, com a vinda de alienígenas (ou astronautas) á terra nos períodos relatados dessas Civilizações, tinha no filme de George Lucas. Surge então em cena Glen A.Larson, criador e produtor de alguns dos maiores sucessos de televisão das décadas de 70 e 80 do século passado, como “Buck Rogers no Século XXV” (1979-1981); “Magnum, P.I.” (1980-1988); “The Fall Guy” (1981-1986); ou “Knight Rider – O Justiceiro”(1982-1986), o seu maior sucesso. Decidido a mudar a face da televisão, Larson, que tinha lido o livro de Daniken, resolve criar uma série de televisão, que fizesse frente ao sucesso de “Star Wars”, partindo da premissa apresentada pelo livro.
   
Num universo muito distante, as Doze Tribos da Humanidade ou Colónias, como muitas vezes são referidas na série (uma possível referência, nunca confirmada, ás treze colónias que deram origem aos Estados Unidos ou ainda ás tribos de Israel), assinam um pacto de tréguas com os Cylons, robots-guerreiros criados por uma raça de seres superiores há muito extinta, provavelmente répteis (esta ideia é transmitida sempre que se vê o Líder Imperioso,  a sua forma, de costas e com um olhar de réptil) pondo fim a uma guerra que durava há mais de mil anos. Atraiçoados pelo Conde Baltar, um humano ambicioso que deseja subjugar toda a humanidade, aliado ás forças Cylon, as Doze Tribos são destruídas e a raça humana practicamente extinta. A Estrela Batalha “Galactica”, a única nave de combate que sobrevive a este holocausto, reúne, sob sua protecção, uma frota de naves onde viajam os restos da humanidade e, enquanto fogem dos Cylons, procuram vestígios da 13ª Tribo Humana (ou Colónia) que partira de Kobol, planeta onde nascera a humanidade, muitos séculos antes, para colonizar um planeta chamado Terra.
   
A Era em que acontece este êxodo nunca é explicada. No início da série é  referida como sendo “o Sétimo Milénio do Tempo”, mas é desconhecida em relação á história da terra e aos vestígios que vão recolhendo ao longo da sua longa viagem. A série faz referencia, na sua introdução, ás antigas civilizações Egipcía, Maya, Inca, Tolteca e fala também das Civilizações míticas como Lemúria e Atlântida, sugerindo que estas poderiam ser descendentes de seres alienígenas e que estes seres humanos que lutam algures no universo, poderiam ser os antepassados dessas antigas civilizações.

   
   
Partindo desta premissa, em 1978, estavam lançados os dados para uma das mais originais e inovadoras séries de televisão. A grandiosidade dos cenários, as cenas de batalhas espaciais e a própria temática humana em guerra com outra civilização, nada disto alguma vez se vira em televisão, apenas em cinema. Hoje, décadas depois da sua estreia, dá-nos alguma nostalgia e até  vontade de rir em algumas cenas. Vemo-la como uma utopia, mas, não esqueçamos que, revolucionou os efeitos especiais em televisão e, os seus enredos, altamente rebuscados, fizeram  história, não só nos filmes para televisão, como também na própria ficção científica.
   
   
Glen A. Larson, depois de ter luz verde da ABC, o estúdio que apostou na série, não se poupou a esforços para inovar. Foi buscar  actores e actrizes, alguns de renome, como Lorne Greene, que “Bonanza”(1959-1973), a série de cowboys de mais longa duração em televisão, tornara famoso e deu-lhe o papel de Adama, o comandante da “Galactica” e também o responsável por levar os restos da humanidade em busca da terra; John Colicos, como o Conde Baltar, o homem que vende a humanidade a troco do poder; Jane Seymour, a bonita actriz que depois viria a encontar a fama com a série “Dr. Quinn”(1993-1998), é Serena, jornalista que, pelos destinos da guerra , se torna guerreira-piloto; Richard Hatch é Apollo, o piloto mais corajoso da frota; Dirk Benedict, que, na década seguinte, se tornaria famoso na série “A-Team – Soldados da Fortuna”(1983-1987), é Starbuck, também piloto, homem de grande coragem, melhor amigo de Apollo e um incorrigível D.Juan; entre muitos outros que se viriam a tornar famosos depois da participarem na série. Larson foi buscar também realizadores  de televisão e cinema como Rod Holcomb ou Christian I. Nyby II, para garantir que o trabalho fosse  de qualidade e não um simples amontoado de imagens sem nexo. 
   O próprio criador supervisionou a sequência de abertura do episódio-piloto: no universo, entre imagens de nebulosas e planetas, uma voz “off”, introduz  e situa a acção. Larson fez questão que fosse Patrick McNee, o conceituado actor da série britânica “The Avengers – Os Vingadores” a fazer a introdução da série, introdução essa que se manterá inalterável até sensivelmente ao meio da série, onde será ligeiramente modificada, mas mantendo sempre presente aquilo que Erich Van Daniken escrevera no seu livro . Larson quis ainda que fosse o actor a fornecer a voz ao Líder Imperioso e também participasse na série em dois episódios,  interpretando a figura demoníaca do Conde Iblis.
   
Numa tentativa de roubar público a “Star Wars” (missão praticamente impossível em 1978!), o episódio-piloto, que custara cerca de sete milhões de dólares (foi o mais caro na altura), estreou, em julho de 1978, em vários países, incluindo Canadá, Europa Ocidental e Japão, numa versão de 125 minutos, editada a partir dos três primeiros episódios da série. Em Portugal estreou em cinemas que estavam equipados com “Sensurround”, um equipamento sonoro que permitia aos espectadores partilhar algumas das sensações vividas no écran, ampliando  os sons mais baixos, de explosões,  tiros, descolagem e aterragem de aviões ou naves, etc., de modo a que eles fossem mais sentidos que ouvidos. A recepção do público foi positiva  e permitiu a Glen A.Larson  ganhar alguma confiança e prosseguir com a série.
   A 17 de setembro de 1978, estreava na ABC, a versão integral do episódio-piloto da série, perfazendo um total de 150 minutos de duração. A recepção foi boa, recebendo uma boa classificação e obtendo um grande “share” televisivo. Tudo parecia bem encaminhado para a série ser um mega-sucesso.
   
Subitamente a meio da temporada, em abril de 1979, foi anunciado que a série iria ser cancelada devido aos fracos resultados de audiência que estava a obter. Ninguém estranhou este facto. O horário da série era mudado semana após semana e este facto acabou por criar alguma desmotivação entre o público, levando a alguns protestos junto dos estúdios da ABC, mas a decisão estava tomada e nada, nem ninguém a iria contrariar. Durante oito meses, 17 episódios foram filmados (o episódio piloto dividido em três partes e cinco outros divididos em duas partes), perfazendo um total de 24 episódios.  O episódio final “A Mão de Deus” ( e um dos melhores de toda  série) foi exibido a 29 de abril de 1979. Com apenas  uma temporada, uma das mais inovadoras séries de televisão era cancelada.
                                                                                             (continua)


Nota: As imagens e vídeo que ilustram este texto foram retiradas da Internet




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