sexta-feira, 31 de maio de 2013

Battlestar Galactica – Odisseia Espacial em Televisão III



                II – Reinventar o Universo  (2003-2009)

   
Foi a partir de meados da década de 90 do século passado que começaram  as tentativas para revitalizar ou continuar a história de “Battlestar Galactica”.  Tom DeSanto, Bryan Singer ou até mesmo Richard Hatch, o Capitão Apollo da primeia temporada da série, estiveram envolvidos em projectos para recuperar a série.  Hatch fez mesmo várias tentativas para a revitalizar, incluindo co-escrever algumas histórias novas e uma série em Banda Desenhada e ainda foi mais longe ao produzir um “concept video”, em 1998, com alguns actores da série original e efeitos especiais de primeira, entitulado “Battlestar Galactica: The Second Coming”, baseado na continuação da série original, cuja acção se passava anos depois do ultimo episódio da primeira temporada, mas não convenceu e ficou por isso mesmo. Também em 1999, o produtor Todd Moyer e Glen A. Larson, anunciaram planos para um filme, baseado na série original, cuja personagem principal seria a “Estrela-de-Batalha “Pegasus”.
   A versão de Tom DeSanto e Bryan Singer era também uma continuação, cuja acção se passava cerca de 25 anos depois da série original. Contando com elementos da série original, retomando  os seus papéis, assim como com a introdução de novas personagens, chegou á fase de pré-produção antes de ser atrasada e, depois dos eventos do 11 de setembro de 2001, ser abandonada. Ambas as versões ignoravam os acontecimentos ocorridos em “Galactica 1980”.
   Em 2002, a Universal Pictures  (detentora dos direitos legais da série, cedidos por Glen A.Larson), optou por um “remake” em vez duma sequela. Para isso contratou  Ronald D.Moore, argumentista e produtor que trabalhara extensivamente nas várias series originadas pelo franchise “Star Trek” ao longo da década de 90. O remake entrou em produção em finais de 2002.
   
Foi reunido um elenco quase desconhecido para recuperar as personagens da série inicial: Jamie Bamber é o Capitão Lee “Apollo” Adama; James Callis interpreta o Dr. Gaius Baltar; Katee Sackhoff é a Tenente Kara “Starbuck” Trace; Tricia Helfer é a “Número Seis”; Grace Park  é a Tenente Sharon “Boomer” Valerii. Mas também foram chamdos alguns nomes conhecidos como Edward James Olmos que interpreta o Comandante William Adama ou Mary McDonnell, no papel de Laura Roslin, Presidente das Colónias humanas.
   
Após um armistício de 40 anos que se seguiu á guerra travada ente as Doze Colónias (os mundos habitados pelos humanos) e os Cylons (robots criados pelos humanos), estes últimos lançam um ataque nuclear com o intento de exterminar a raça humana.
Apanhada de surpresa, a população das Doze Colónias, é quase totalmente exterminada, assim como o pessoal militar é virtualmente destruído por uma sabotagem no computador da  rede de defesa. A “Galactica”, uma nave que estava destinada a ser um museu, por estar fora do alcance da  rede, é a única Estrela-de-Batalha que escapa á destruição e Adama, o comandante da “Galactica”, assume provisoriamente, o comando da frota enquanto tenta levantar a moral dos restos da população humana anunciando planos para tentar encontrar a lendária Décima-Terceira Colónia, Terra, cuja existência e localização haviam sido mantidos secretos pelos militares.
Inicialmente, pretendeu-se fazer uma mini-série de três horas de duração, apoiada pelo recém-criado Sci-Fi Channel, o argumentista Ronald D.Moore e o produtor David Eick não se pouparam a esforços para inovar este remake duma série de culto do final da década de 70 do século passado.
   
A história é, em tudo semelhante á da primeira série: a “Galactica” protege uma frota de cerca de 75 naves civis ( na série inicial, eram cerca de 220!), com uma população que ronda (Segundo se vê nas estatisticas que estão na “Colonial One”, nave onde viaja  Laura Roslin, a Presidente Eleita das Colónias) cerca de cinquenta mil pessoas, sempre perseguidos pelos Cylons, procuram  a Terra, apesar de Adama acreditar que ela nada mais é que uma lenda.
   Mas onde esta nova série difere da original é na profundidade com que aborda toda a jornada: a série não se limita a mostrar aventuras e batalhas espaciais, ela explora também as relações humanas  numa civilização ameaçada de extinção, na qual os seres humanos lutam entre si tanto como contra os Cylons. Mas a grande novidade deste “reboot” (recomeço) de “Battlestar  Galactica” vem dos inimigos jurados dos humanos: os Cylons. Ficamos a saber que eles evoluiram  (ja estamos longe das naves com três Cylons como tripulantes,  as que surgem agora são muito mais modernas e ameaçadoras que as da série original) e desenvolveram-se ao  ponto de,  Segundo a “Número Seis”(uma sensual e bonita Cylon que admira a raça humana) diz a Baltar, adquiriram uma consciência própria. Já no final da mini-série, ficamos a saber que existem 12 modelos de Cylons, semelhantes aos humanos, que sentem como humanos e pensam que são humanos, dos quais existem  milhares de cópias ou “clones”, espalhados pelo universo. Além da “Número Seis”, na mini-série são revelados mais três. (um dos quais apenas  no surpreendente final). Esta nova situação foi trazer uma grande inovação á mini-série. O mote estava lançado, restava aguardar qual seria a reacção do publico.
   
Nos dias 8 e 9 de dezembro de 2003,  a nova versão de “Battlestar Galactica” estreava no Sci-Fi Channel. As duas partes conseguiram prender a atenção de 3.9 e 4.5 milhões de espectadores respectivamente, tornando-a no terceiro programa mais visto de sempre e recebendo critícas muitos positivas da imprensa especializada. Com tal sucesso em mãos, foi encomendada uma série  com carácter semanal.
   A primeira temporada começa pouco tempo depois do final da mini-série e continua a história dos restos das Doze Colónias humanas, depois da derrota infligida pelos Cylons, em busca da Décima-Terceira Colónia, Terra. Ao contrário de outras séries espaciais, “Battlestar Galactica” não tem os tão famosos aliens que fazem as delicias nessas séries. Muito pelo contrario, a maior parte das histórias  tratam  do efeito que a destruição apocalíptica das Doze Colónias teve sobre os sobreviventes e as escolhas morais que têm de fazer em relação ao declínio da raça humana e a sua guerra com os Cylons; outras histórias são sobre os ciclos perpétuos de ódio e violência  que conduzem  aos conflictos entre seres humanos e Cylons, e religião com uma implicação de que “Deus” tem um plano   que contemplará  todos os envolvidos..
   
Ao longo da série, a guerra entre Cylons e humanos, conhece muitas voltas e reviravoltas, com facções de Cylons a aliarem-se aos humanos, formando uma aliança insegura e fraca, contra o “Número Um”, o líder Cylon que se recusa a revelar o nome dos “Últimos Cinco”, os  cinco Cylons cujas identidades só  ele conhece e que são modelos mais antigos, criados por uma civilização   humana mais antiga.
   Todo o elenco da mini-série regressou para  as quatro temporadas de “Battlestar Galactica”,  Glen A. Larson, criador da série original  tornou-se Produtor Consultivo e a produção trouxe,como artistas convidados ao longo da série, Lucy Lawless, Dean Stockwell, Callum Keith Rennie e, como convidado especial, Richard Hatch, o Capitão Apollo da série original, para interpretar Tom Zarek, um terrorista que depois se torna politico. Hatch, que recusara entrar em “Galactica 1980”, apesar de não gostar do novo conceito, aceitou participar na série, já que a sua personagem lhe permitiu acrescentar ainda mais dramatismo ao enredo quando se dá a sua transformação de terrorista em politico activo que ascende á vice-presidência das Colónias.
   
A 14 de janeiro de 2004, estreava a primeira temporada de “Battlestar Galactica” com um “share” televisivo de 3.1 milhões de espectadores logo no primeiro episódio, tornando-o, tal como as duas partes da mini-série, um dos programas mais vistos de sempre no Sci-F Channel. Ao sucesso dos 13 episódios desta primeira temporada, seguiram-se mais 20 duma segunda temporada em 2005 (exibida nos Estados Unidos em duas partes intituladas 2.0 e 2.5) que continuou o sucesso levando o Sci-Fi Channel a encomendar uma terceira temporada em 2006, seguindo sempre a esteira do sucesso levando a que os interregnos entre as temporadas fosse cada vez menor. Finalmente em 2007, foram encomendados mais 22 episódios para uma quarta temporada que os produtores Ronald D.Moore e David Eick anunciaram ser a última.  Tal como a segunda, esta quarta temporada foi dividida em duas partes, por ter sido apanhada pela greve dos argumentistas  (2007-2008), respectivamente 4.0 (episódios 3 a 10) e 4.5 (episódios 11 a 22). A 20 de março de 2009, foi exibido o último episódio da série. Com cerca de três horas de duração, foi dividido em duas partes. Chegava, assim, ao fim um dos mais bem conseguidos “reboot” duma série de televisão.
   
Entre a terceira e a quarta temporadas, surgiu o telefilme “Battlestar Galactica: Razor” que serviria para criar expectativa em relação ao que se iria seguir na série. “Razor” é a junção dos dois primeiros episódios da quarta temporada. Narrando os acontecimentos da Estrela-de-Batalha “Pegasus” em dois tempos, ambos “no passado” em relação à continuidade da quarta temporada. O tempo “presente”situa-se na altura em Lee Adama assume o comando da “Pegasus”, na última metade da temporada 2, enquanto o tempo “passado” se situa quando Helena Cain é a Comandante da nave, no período entre o ataque Cylon  (que se vê na mini-série) e a reunião com a “Galactica” na  segunda temporada.  
   
Ainda mal tinha terminado “Battlestar Galactica” , já o Sci-Fi Channel anunciava um telefilme intitulado “Battlestar Galactica: The Plan – Galactica – O Plano” (Edward James Olmos, 2009).  O filme, constituído por  material novo e cenas da mini-série e temporadas, acompanha a história de  duas versões do Cylon Cavil, uma quer testemunhar a destruição da raça humana, a outra tenta dissuadir a primeira, admitindo que podem estar a cometer um erro. Contado em “flashback”, o telefilme reconta a mini-série e as duas primeiras temporadas  com maior enfâse na perspectiva dos Cylons e do seu Plano para destruir a raça humana. Os “Cinco Finais” têm aqui um papel mais proeminente.
   
 
Em abril de 2006, o Sci-Fi Channel anunciava que uma prequela (um termo criado no século XXI), de “Battlestar Galactica” estava em desenvolvimento. “Caprica”, assim se chamava a prequela, a acção situa-se mais de 50 anos antes da série, antes da Guerra Cylon e conta-nos a história da família Adama e da sociedade Capricana assim como nos fala dos avanços tecnológicos que  levarão á Revolta Cylon. Em março de 2008, Ronald D.Moore, produtor e argumentista, confirmou que “Caprica” iria entrar em produção, começando com episódio-piloto de duas horas. Em dezembro de 2008, o canal aprovou e deu luz verde para a série. Devido a fracas audiências, “Caprica” só teve uma temporada, constituída por 19 episódios e foi exibida entre janeiro e outubro de 2010.
   
Anunciada em 2011, “Battlestar Galactica: Blood & Chrome”  é a segunda prequela do universo “Battlestar Galactica”. A acção situa-se no décimo ano da Primeira Guerra Cylon e segue o percurso do jovem William “Husker” Adama, piloto da “Galactica”, uma das mais poderosas Estrelas-de-Batalha da frota Colonial. A série, criada por Michael Taylor e David Eick,  descreve os acontecimentos entre “Caprica” e a mini-série de 2003 e estreou, em novembro de 2012, como uma série “on-line” de 10 episódios de mais ou menos 15 minutos de duração. Distribuída  pela “Machinima Network” e exibida no “Machinima  Youtube Channel”, um canal  pertencente ao “Youtube”, a série teve uma  recepção positiva.
   Em 2013,  o Sci-Fi Channel anunciou a sua intenção de exibir a série como um telefilme e estava em cima da mesa a possibilidade de se criar uma série de televisão.
Facilmente se percebe que  o “reboot” de “Battlestar Galactica”  abriu muitas portas a futuras prequelas, continuações, quer em forma de série ou em filmes e telefilmes. Enfim todo um manancial de possibilidades ao dispôr de quem queira dar continuidade ao projecto, “So Say We All!” – os fans, claro!! 

Nota: As Imagens e vídeo que ilustram o texto foram retiradas da Internet

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Battlestar Galactica – Odisseia Espacial em Televisão II


         - Regresso ao Universo (1980)
   
As imagens finais  de “A Mão de Deus”, o último episódio da primeira temporada de Galactica, mostravam-nos uma transmissão, em más condições, a ser recebida num monitor e nela conseguia-se perceber os contornos duma nave a poisar e ouvia-se uma comunicação, entrecortada por estática, cuja voz pronunciava o seguinte “Base da Tranquilidade…a  Águia aterrou!” a imagem congelava e começava o genérico final. 
   Embora se soubesse antecipadamente que este era o último episódio, algo, naquelas imagens, deixava antever o contrário. O público, fiel, interrogava-se: que imagens eram aquelas que a Galactica acabara de capturar? Será que estariam a receber uma comunicação de longa distância? Que nave era aquela? O que é que aquela voz quereria dizer? Com quem estaria a falar? O que era a Base da Tranquilidade? Parecia estar destinado que nenhuma destas perguntas iria ser respondida.
   
Mal se soube do cancelamento da série,  a ABC começou a receber cartas de telespectadores que queriam que a série fosse reposta. Protestos  destes  eram pouco comuns nesta época, mas revelaram-se decisivos  já que tal campanha em favor da série, levou a que os responsáveis da estação repensassem as razões do cancelamento. Após alguma deliberação, entre avanços e recuos, os responsáveis da ABC reuniram-se com Glen A.Larson para definirem um possível regresso da série, mas este teria de ser modificado e num formato menos dispendioso.
   Com luz verde da ABC, Glen A.Larson e Donald P.Bellisario, co-argumentista e realizador de vários episódios da primeira temporada, decidem que a nova série se passará cerca de 5 anos depois dos eventos de “A Mão de Deus”. Este espaço de tempo, permitiria  que se eliminassem algumas personagens consideradas superfluas, como o Coronel Tigh, braço direito de Adama, Athena, filha de Adama, Cassiopeia, Boxey, entre muitos outros que se haviam tornado familiares ao longo da série original. As únicas personagens que iriam transitar seriam: O Comandante Adama, Boomer, Apollo, Starbuck e o Conde Baltar. Este último, depois de cumprir uma sentença por ter traído os seus semelhantes,  era  expiado e seria agora Presidente do Conselho dos Doze.
   
A ideia principal seria que “A Galactica” chegaria á terra no presente e esta não estaria  preparada para se defender dos Cylons, Adama decidiria então dirigir-se para outro ponto do universo de modo a afastar os Cylons do planeta. Baltar, no entanto, sugeria utilizar-se a tecnologia que permitia viajar no tempo e assim alterar a hustória da terra de modo a que esta estivesse apta a enfrentar as máquinas mortíferas. O Conselho recusaria e Baltar roubaria uma nave e viajaria até ao passado para  levar o seu plano avante. Semanalmente, haveria  “Uma Missão no Tempo”, levada a cabo por Apollo e Starbuck a tentar apanhar Baltar, impedir que este alterasse  a história terrestre, com Apollo sempre num período diferente da história  e Starbuck, viajando para o passado e para o presente, para poder ajudar o seu amigo. A ABC gostou da ideia e autorizou a realização do episódio-piloto.
   
 
Dr. Xavier

Lorne Greene (com uma barba grande, que, não é preciso ser um especialista para isso,  se percebe logo ser falsa) e  Herb Jefferson, Jr. (Boomer, agora promovido a coronel e braço-direito de Adama), aceitam regressar aos seus papeis, mas  Richard Hatch e Dirk Benedict mostraram-se indisponíveis para regressar. O primeiro recusou porque não tinha a certeza  de qual seria o seu papel agora que tudo ia mudar e algumas personagens iriam desaparecer; o segundo estava indisponível.  Foi então que perante este retrocesso,  toda a estrutura, entretanto planeada, para a nova série foi alterada. A acção passa-se agora cerca de trinta anos depois dos acontecimentos da primeira temporada. São criadas novas personagens como Troy (para substituir Apollo), O Tenente Dillon (para substituir Starbuck);  assim como  o inquietante Doutor Xavier (Richard Lynch, num registo habitual na sua carreira), como o vilão de serviço.  
   
Com a acção situada no ano de 1980 e uma geração depois da série original, “A Galactica” e a sua frota chegam á Terra, apenas para descobrir que o planeta não é tão avançado cientificamente como era de esperar nem é capaz de se defender dos Cylons, nem pode ajudar a nave de combate. É então decidido que equipas de colonos vão ajudar incognitamente membros da comunidade cientifica de modo a tornar a terra mais tecnologicamente avançada. Mas existe quem pense que esta decisão é errada e pretenda acelerar o avanço tecnológico, nem que para isso seja necessário viajar no tempo, até ao passado e alterar o curso da História.
   
Depois do episódio-piloto ser filmado e visionado, a estação mostrou-se desagradada com os aspectos das viagens no tempo que seria então a premissa principal de cada episódio (como inicialmente planeado) com os guerreiros coloniais a perseguir  o Dr.Xavier em diferentes períodos da história. Ainda antes de estrear, os criadores da série veem-se obrigados a abandonar a ideia  das constantes viagens no tempo, por imposição  da ABC. Ultrapassado este pequeno contratempo, a série estreou no dia 27 de janeiro de 1980.
   Ao longo da série, são explicados os destinos de algumas personagens da série original: Apollo teria morrido; Starbuck ter-se-ia perdido no espaço no decurso duma missão; ficamos a saber que o Capitão Troy  é, na realidade, Boxey; Baltar, tal como  Adama lhe prometera em “A Mão de Deus”,  aparentemente foi abandonado num planeta com condições de sobrevivência, foi salvo  e é-nos  apresentado como o Comandante Baltar, chefe supremo da frota Cylon que persegue os humanos. De outras personagens, como Athena, Cassiopeia ou até o Coronel Tigh, nunca se chega a saber o que aconteceu. É como se nunca tivessem existido e, quando assim acontece, é lamentável, já que algumas destas personagens desempenhavam um papel importante na série original.
   
Os fracos índices de audiência que a série obteve, levaram ao seu cancelamento ao fim de apenas dez  episódios!, muitos dos quais eram histórias múltiplas, com várias situações a decorrer o que apenas serviu para baralhar os espectadores, nunca conseguiram despertar o interesse do público e até os actores começavam a revelar algum cansaço das personagens, arrastando até ao limite as suas prestações. O último episódio, intitulado “O Regresso de Starbuck” com a participação especial de Dirk  Benedict ( e também o mais interessante de todos), foi uma tentativa de reanimar a série e arrancar algum “share” televisivo, mas não foi suficiente. Um décimo-primeiro episódio, que seria uma continuação do anterior,  ainda foi escrito por Larson, mas a série foi cancelada durante a produção desse episódio e este nunca foi terminado.
   
Depois do cancelamento da série, em  maio de 1980, apareceu nos cinemas, na Europa, Nova Zelândia e Austrália, um filme intitulado “Conquest of the Earth”. Editado a partir de episódios da série “Galactica 1980” (nome pelo qual ficou conhecida esta série), e cenas não aproveitadas na série, editadas de modo a tornar compreensível o filme. Apesar de mais esta tentativa de revitalizar a série, nada havia a fazer.
   Pela segunda vez, em pouco mais de um ano,  a série “Battlestar Galactica”  “morria” pelas mesmas razões que haviam estado na origem do cancelamento da série original. Desta vez a ressurreição teria de  esperar 23 anos até acontecer.
                                                                                                            (continua)

 Nota: As  imagens e vídeo que ilustram este texto foram retiradas da Internet

sábado, 18 de maio de 2013

Battlestar Galactica – Odisseia Espacial em Televisão I


          
                      I - Um Novo Universo (1978 – 1979)

   
 Em 1978, “Star Wars – Guerra das Estrelas”, o fantástico universo criado por George Lucas, um dos maiores visionários do cinema no final do século XX, tinha redefinido o cinema e, em particular, a ficção científica. Desde que estreara, em maio de 1977, tornara-se o maior êxito de bilheteira da história do cinema, batendo recordes em todo o mundo. Nada, nem ninguém, conseguiu ficar indiferente ao impacto que o filme teve no mundo inteiro. Também a televisão, principal rival do cinema, foi tocada por este fenómeno mundial  e quis logo de imediato responder com outro sucesso idêntico para não perder o seu público.
   
Na altura deste sucesso mundial, discutia-se a influência que o livro “Eram os Deuses Astronautas?” de Erich Von Daniken, publicado em 1968 e que fala da possibilidade das antigas Civilizações  terrestres terem a sua origem no espaço, com a vinda de alienígenas (ou astronautas) á terra nos períodos relatados dessas Civilizações, tinha no filme de George Lucas. Surge então em cena Glen A.Larson, criador e produtor de alguns dos maiores sucessos de televisão das décadas de 70 e 80 do século passado, como “Buck Rogers no Século XXV” (1979-1981); “Magnum, P.I.” (1980-1988); “The Fall Guy” (1981-1986); ou “Knight Rider – O Justiceiro”(1982-1986), o seu maior sucesso. Decidido a mudar a face da televisão, Larson, que tinha lido o livro de Daniken, resolve criar uma série de televisão, que fizesse frente ao sucesso de “Star Wars”, partindo da premissa apresentada pelo livro.
   
Num universo muito distante, as Doze Tribos da Humanidade ou Colónias, como muitas vezes são referidas na série (uma possível referência, nunca confirmada, ás treze colónias que deram origem aos Estados Unidos ou ainda ás tribos de Israel), assinam um pacto de tréguas com os Cylons, robots-guerreiros criados por uma raça de seres superiores há muito extinta, provavelmente répteis (esta ideia é transmitida sempre que se vê o Líder Imperioso,  a sua forma, de costas e com um olhar de réptil) pondo fim a uma guerra que durava há mais de mil anos. Atraiçoados pelo Conde Baltar, um humano ambicioso que deseja subjugar toda a humanidade, aliado ás forças Cylon, as Doze Tribos são destruídas e a raça humana practicamente extinta. A Estrela Batalha “Galactica”, a única nave de combate que sobrevive a este holocausto, reúne, sob sua protecção, uma frota de naves onde viajam os restos da humanidade e, enquanto fogem dos Cylons, procuram vestígios da 13ª Tribo Humana (ou Colónia) que partira de Kobol, planeta onde nascera a humanidade, muitos séculos antes, para colonizar um planeta chamado Terra.
   
A Era em que acontece este êxodo nunca é explicada. No início da série é  referida como sendo “o Sétimo Milénio do Tempo”, mas é desconhecida em relação á história da terra e aos vestígios que vão recolhendo ao longo da sua longa viagem. A série faz referencia, na sua introdução, ás antigas civilizações Egipcía, Maya, Inca, Tolteca e fala também das Civilizações míticas como Lemúria e Atlântida, sugerindo que estas poderiam ser descendentes de seres alienígenas e que estes seres humanos que lutam algures no universo, poderiam ser os antepassados dessas antigas civilizações.

   
   
Partindo desta premissa, em 1978, estavam lançados os dados para uma das mais originais e inovadoras séries de televisão. A grandiosidade dos cenários, as cenas de batalhas espaciais e a própria temática humana em guerra com outra civilização, nada disto alguma vez se vira em televisão, apenas em cinema. Hoje, décadas depois da sua estreia, dá-nos alguma nostalgia e até  vontade de rir em algumas cenas. Vemo-la como uma utopia, mas, não esqueçamos que, revolucionou os efeitos especiais em televisão e, os seus enredos, altamente rebuscados, fizeram  história, não só nos filmes para televisão, como também na própria ficção científica.
   
   
Glen A. Larson, depois de ter luz verde da ABC, o estúdio que apostou na série, não se poupou a esforços para inovar. Foi buscar  actores e actrizes, alguns de renome, como Lorne Greene, que “Bonanza”(1959-1973), a série de cowboys de mais longa duração em televisão, tornara famoso e deu-lhe o papel de Adama, o comandante da “Galactica” e também o responsável por levar os restos da humanidade em busca da terra; John Colicos, como o Conde Baltar, o homem que vende a humanidade a troco do poder; Jane Seymour, a bonita actriz que depois viria a encontar a fama com a série “Dr. Quinn”(1993-1998), é Serena, jornalista que, pelos destinos da guerra , se torna guerreira-piloto; Richard Hatch é Apollo, o piloto mais corajoso da frota; Dirk Benedict, que, na década seguinte, se tornaria famoso na série “A-Team – Soldados da Fortuna”(1983-1987), é Starbuck, também piloto, homem de grande coragem, melhor amigo de Apollo e um incorrigível D.Juan; entre muitos outros que se viriam a tornar famosos depois da participarem na série. Larson foi buscar também realizadores  de televisão e cinema como Rod Holcomb ou Christian I. Nyby II, para garantir que o trabalho fosse  de qualidade e não um simples amontoado de imagens sem nexo. 
   O próprio criador supervisionou a sequência de abertura do episódio-piloto: no universo, entre imagens de nebulosas e planetas, uma voz “off”, introduz  e situa a acção. Larson fez questão que fosse Patrick McNee, o conceituado actor da série britânica “The Avengers – Os Vingadores” a fazer a introdução da série, introdução essa que se manterá inalterável até sensivelmente ao meio da série, onde será ligeiramente modificada, mas mantendo sempre presente aquilo que Erich Van Daniken escrevera no seu livro . Larson quis ainda que fosse o actor a fornecer a voz ao Líder Imperioso e também participasse na série em dois episódios,  interpretando a figura demoníaca do Conde Iblis.
   
Numa tentativa de roubar público a “Star Wars” (missão praticamente impossível em 1978!), o episódio-piloto, que custara cerca de sete milhões de dólares (foi o mais caro na altura), estreou, em julho de 1978, em vários países, incluindo Canadá, Europa Ocidental e Japão, numa versão de 125 minutos, editada a partir dos três primeiros episódios da série. Em Portugal estreou em cinemas que estavam equipados com “Sensurround”, um equipamento sonoro que permitia aos espectadores partilhar algumas das sensações vividas no écran, ampliando  os sons mais baixos, de explosões,  tiros, descolagem e aterragem de aviões ou naves, etc., de modo a que eles fossem mais sentidos que ouvidos. A recepção do público foi positiva  e permitiu a Glen A.Larson  ganhar alguma confiança e prosseguir com a série.
   A 17 de setembro de 1978, estreava na ABC, a versão integral do episódio-piloto da série, perfazendo um total de 150 minutos de duração. A recepção foi boa, recebendo uma boa classificação e obtendo um grande “share” televisivo. Tudo parecia bem encaminhado para a série ser um mega-sucesso.
   
Subitamente a meio da temporada, em abril de 1979, foi anunciado que a série iria ser cancelada devido aos fracos resultados de audiência que estava a obter. Ninguém estranhou este facto. O horário da série era mudado semana após semana e este facto acabou por criar alguma desmotivação entre o público, levando a alguns protestos junto dos estúdios da ABC, mas a decisão estava tomada e nada, nem ninguém a iria contrariar. Durante oito meses, 17 episódios foram filmados (o episódio piloto dividido em três partes e cinco outros divididos em duas partes), perfazendo um total de 24 episódios.  O episódio final “A Mão de Deus” ( e um dos melhores de toda  série) foi exibido a 29 de abril de 1979. Com apenas  uma temporada, uma das mais inovadoras séries de televisão era cancelada.
                                                                                             (continua)


Nota: As imagens e vídeo que ilustram este texto foram retiradas da Internet




EMERSON, LAKE & PALMER II

            O trio, depois de um longo período de férias, sentindo-se revigorado, reuniu-se novamente em 1976, nos “Mountain Studios”, em Mo...