quarta-feira, 21 de março de 2012

2001: Odisseia no Espaço - Ainda hoje...uma obra de arte!




                                      
    Passaram-se mais de 40 anos desde que este filme estreou...e a face da ficção cientifica nunca mais foi a mesma. Anos antes de "Star Wars - A Guerra das Estrelas"(George Lucas, 1977), quase duas décadas antes de "Blade Runner - Perigo Eminente" (Ridley Scott, 1982) e quase 30 anos antes de "Matrix" (Larry e Andy Wachowski, 1999), apareceu esta obra-prima, este marco do cinema que ainda hoje nos seduz e fascina...apetece dizer que é como o Vinho do Porto, quanto mais velho melhor!
Os "culpados" por esta obra-prima
    Inicialmente o projecto, segundo Stanley Kubrick e Arthur C.Clarke, era para se intitular "How the Solar System was won", uma homenagem ao western épico "How the West was won - A Conquista do Oeste", realizado em 1962.
    Apesar de parcialmente inspirado num pequeno conto chamado "The Sentinel" de Arthur C.Clarke, o escritor e o realizador escreveram o livro e o argumento simultâneamente, Clarke acabou por optar por explicações tendentes a clarificar o misterioso monólito no livro, Kubrick decidiu deixar o filme num tom enigmático mantendo diálogos e explicações no minímo, acabando por fazer aquilo que poucos conseguiram ou conseguem fazer; um filme que fica para a posteridade e que será lembrado e falado muito depois dos seus autores terem desaparecido.

    Foi pouco depois de ter completado "Dr.Strangelove...." (1964) que o realizador se deixou fascinar pela possibilidade de vida extraterrestre e estava determinado a fazer, nas suas próprias palavras, "o proverbial bom filme de ficção científica". Procurando um colaborador adequado dentro da comunidade de ficção científica, foi aconselhado a procurar o então famoso escritor Arthur C.Clarke. Os dois encontraram-se em Nova York pela primeira vez e foi a partir deste encontro que começaram a discutir o projecto que lhes iria ocupar dois anos de vida.
   Dividido em quatro partes, representando vários estádios da evolução humana  têm apenas uma coisa em comum: o Monólito negro (inteligência? conhecimento?) que interage com as personagens, levando-as a evoluir nos seus diferentes estádios: no primeiro segmento (O Aparecimento do Homem), o monólito é o caminho da sobrevivência e da racionalização. No segundo segmento, o monólito é descoberto enterrado na lua e que, quando examinado pelos cientistas, emite um sinal em direcção a Júpiter e depois fica silencioso. No terceiro segmento (Missão Júpiter), depois da missão ter corrido mal, um monólito, maior do que os anteriores, aparece junto ao planeta, abre-se e conduz o único sobrevivente da missão numa viagem psicadélica que nos conduz ao quarto segmento (Júpiter e além do Infinito) onde um envelhecido, senil e moribundo Dave Bowman jaz deitado numa cama num quarto todo iluminado, onde se encontra com o monólito novamente. Bowman "entra" nele antes de se transformar numa criança-estrela (ou renascer como tal!) e regressar à terra representando o próximo estádio de evolução humana.  
Stanley Kubrick, perfeccionista lendário
   Aliando o seu perfeccionismo lendário e uma realização rigorosa, Kubrick criou imagens e cenas que são hoje lendárias: a primeira aparição do Monólito aos Primatas, aliás em toda esta cena, fica patente a importância que a imagem tem na obra do realizador: é uma cena sem um único diálogo em que a força das imagens sustenta a história; O triunfo do Homem sob as outras espécies na  cena em que o macaco (homem?),depois de derrotar o seu oponente, atira o osso para o ar e, num belissimo plano, este transforma-se em nave espacial, suprimindo assim milhares de anos de evolução; O maravilhoso baile das naves espaciais ao som de "O Danúbio Azul" de Johann Strauss ; não esquecendo o tema "Assim falava Zaratrusta" de Richard Strauss no inicio do filme com o alinhamento da lua, da terra e do sol sob o genérico, criando aquela que será talvez a melhor e mais arrepiante abertura cinematográfica de todos os tempos; O jogging de Frank Poole  na "Discovery I" em que Kubrick, num plano simetricamente inequívoco, nos põe literalmente a cabeça à roda; A morte de Poole que, simbolicamente, representa o breve triunfo da máquina sobre o homem, já que logo a seguir assistimos à "destruição" de HAL, o super-computador de bordo onde ficamos com a sensação de regressar ao início com novo triunfo do homem;  

     No final do filme, com o olhar sereno da criança-estrela apontado para o planeta terra (e eu sei que vou suscitar comentários diversos!) que poderá muito bem ser  interpretado como um prólogo àquele que seria o filme seguinte de Kubrick, essa obra-prima chamada "Laranja Mecânica" (1971) ; inesquecível é também a viagem de Dave Bowman através das estrelas (e da criação do universo) em que o realizador utiliza toda a panóplia de efeitos especiais existentes na altura e que viriam a ser muito justamente premiados, criando a mais famosa "trip" cinematográfica de que há memória (convém não esquecer que estávamos nos anos 60, em pleno movimento hippie!).
       Mesmo depois de terminado, Kubrick fez numerosas alterações à versão final. Pouco depois de ter exibido a obra aos executivos da MGM, o realizador cortou cerca de 20 minutos de cenas, a maior parte delas constituiam o quotidiano na base lunar, outras tantas giravam à volta da vida dos astronautas a bordo da "Discovery I", reduzindo assim a duração do filme de 162 minutos para 139. Foi esta a versão que Estreou nos Estados Unidos e no resto do mundo em 1968 e que se manteve a única versão exibida durante anos. Em 2000, depois da morte do realizador, os seus familiares autorizaram a inclusão de cerca de 9 minutos de cenas descobertas dentro de latas na garagem do realizador, elevando a metragem para os 148 minutos que se mantêm até hoje.
     
Filme incontornável na história do cinema, "2001:Odisseia no espaço" mantém ainda hoje a frescura e a mesma inovação de hà mais de 40 anos, convidando-nos em cada novo visionamento a questionarmo-nos sobre o que seria do cinema se ele não existisse? sobre o filme Stanley Kubrick disse "...todos são livres para especular acerca do significado filosófico e alegórico de 2001..." posto isto, quem somos nós para duvidar da sua palavra?


Nota:Todas as imagens e vídeos que ilustram este texto foram retiradas da Internet


                                          


    

2 comentários:

  1. E é definitivamente um dos filmes da minha vida... Um abraço.

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  2. Ah, claro, já sabes que não estou de acvordo contigo em relação a essa tua teoria de que o olhar sereno da criança-estrela tenha algo a ver com o filme seguinte do realizador. Embora sejam os dois filmes de ficção científica, reflectem sobre coisas completamente diferentes. Um abraço.

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