terça-feira, 27 de setembro de 2011

O Cinema Épico

 

O épico foi um género de cinema muito em voga no inicio da década de 50 do século passado. O género resumia-se a enfatizar o drama humano em grande escala. Èpicos eram filmes cujo âmbito ia muito para além de qualquer outro género, embora tenha passado por quase todos eles, a sua ambição natural ultrapassava os géneros que mais próximos lhe estavam, tais como filmes de época ou até o próprio filme de aventuras. Eram marcados por altos padrões de produção, um elenco de milhares (entre os quais obrigatoriamente tinha de haver alguns nomes sonantes do cinema), por vezes uma banda sonora avassaladora ( a maior parte das vezes era um compositor de renome na indústria cinematográfica), que colocava estes filmes entre os mais caros de produzir.  O termo épico vem da  poesia e inspirado em obras poéticas de grande fôlego como "A Ilíada",  "A Odisseia", ou "O Mahabharata", poemas de grande fôlego e drama humano.
O primeiro épico do cinema
    O chamado épico habitualmente é passado ou em tempo de guerra ou durante alguma crise social e cobre um longo espaço de tempo, em termos quer dos acontecimentos retratados e em duração. Tipicamente, estes filmes  têm uma base histórica e a maior parte das vezes o conflito central  têm consequências a longo prazo e acabam por alterar o curso da história e as acções das personagens principais são decisivas na resolução deste ou daquele conflito. O épico está entre os mais antigos géneros de cinema cujo exemplo mais antigo é "Cabiria", realizado por Giovanni Pastrone em 1914, um filme mudo de mais de três horas sobre as Guerras Púnicas e que, de certa maneira, preparou o terreno para os épicos  de D.W.Griffith  "The Birth of a Nation - O Nascimento de Uma Nação" (1915) ou "Intolerance - Intolerância" (1916).
   Foi nas décadas de 50 e 60 que o épico atingiu a sua maior popularidade, numa altura em que Hollywood colaborava frequentemente com estúdios de cinema  estrangeiros, nomeadamente os famosos estúdios da Cinecittá, em Roma, para usar localizações exóticas em Espanha, Marrocos e outros sitíos para produzir os filmes épicos. Diz-se que este auge de co-produções internacionais terminou em 1963 com o megalómano e problemático "Cleópatra" de Joseph L. Mankiewicz, apesar de outros épicos como "The Fall of the Roman Empire - A Queda do Império Romano" de Anthony Mann (1964 ) ou o fabuloso "Doctor Zhivago - Doutor Jivago" de David Lean (1965) ou ainda esse grandioso exemplo do cinema épico que é "War and Peace - Guerra e paz", realizado por Sergei Bondarchuk em 1968 na então União Soviética e que se diz ser o filme mais caro de sempre, terem sido feitos depois.
   Alguns dos mais famosos épicos da história do cinema foram chamados "Épicos Históricos e Religiosos", porque a acção dos primeiros passa-se num passado em cujos protagonistas alteraram o curso da história, principalmente aqueles que foram feitos nas décadas de 50 e 60 e que eram passados na antiguidade, particularmente em Roma, Grécia ou Egipto e cujas particularidades principais que os distinguem de outro tipo de épicos são os seus cenários extremamente elaborados e grande quantidade de extras.Tais são os casos de, por exemplo, "Quo Vadis" (Melvin Le Roy, 1951, em que o forcado português Nuno Salvação Barreto, tem o seu momento grande ao fazer uma pega de caras a um touro na cena do Coliseu); "Ben-Hur" (William Wyler, 1959); "Spartacus" (Stanley Kubrick, 1960); "Lawrence da Arábia" (David Lean, 1962), ou o já citado "Cleopatra", para só referir alguns dos mais conhecidos.
A separação das águas em "Os Dez Mandamentos"
      Os segundos tinham uma índole mais religiosa e eram baseados em histórias religiosas ou retiradas da Bíblia, do Novo e Antigo Testamentos e mantinham as mesmas bases dos primeiros mas mostravam uma vertente mais religiosa como "The Ten Commandments - Os Dez Mandamentos" (Cecil B. DeMille, 1956); "The King of Kings - O Rei dos Reis" (Nicholas Ray, 1961); "The Greatest Story Ever Told - A Maior História de Todos os Tempos"(George Stevens, 1965); ou "The Bible - A Bíblia" (John Huston, 1966)
   
   Outro tipo de épico é o chamado "Romance Épico" em que, usando na mesma um fundo histórico, o romance é utilizado como contraponto à guerra, conflito social ou polítitíco inserindo-se no mesmo contexto histórico usado. O mais famoso exemplo deste sub-género é, ainda hoje, considerado o maior clássico da história do cinema, "Gone With the Wind - E Tudo o Vento Levou", realizado em 1939 por Victor Fleming em que a história de amor entre Scarlett O'Hara (Vivian Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable) tendo como pano de fundo a Guerra de Secessão Americana, é practicamente imortal e, mesmo depois da famosa deixa de Rhett para Scarlett ("Frankly my dear, I don't give a damm!"), inesquecível.
   Podemos incluir no épico também  os filmes de guerra que conseguem retratar grandes batalhas numa escala raramente vista quer em grandiosidade quer em rigor, indo, alguns desses filmes, ao pormenor de filmar nos próprios locais onde se deu o confronto. Aqui David Lean foi o mestre incontestado, no pormenor e rigor com que filmou a sua chamada "trilogia épica": "A Ponte do Rio Kwai" (1957), "Lawrence da Arábia" (1962) e "Doutor Jivago" (1965), que lhe granjearam  19  Oscares da Academia!.
       Outros filmes que se destacaram pela seu rigor e pormenor neste género foram, por exemplo "Seven Samurai - Os Sete Samurais" (Akira Kurosawa, 1954); "The Longest Day - O Dia mais Longo" (Bernhard Wicki, Andrew Marton e Ken Annakin, 1962); "Waterloo" (Sergei Bondarchuck, 1970); "A Bridge too Far - Uma Ponte Longe Demais" (Richard Attenborough, 1977); ou mais recentemente "Saving Private Ryan - O Resgate do Soldado Ryan" (Steven Spielberg, 1998) em que o realizador recria uma parte do desembarque na Normandia de uma maneira extremamente realista e violenta como nunca se tinha visto em cinema ou televisão e com a qual elevou o cinema, e o filme de guerra em particular, a patamares nunca antes atingidos.
   Ao longo dos mais  de 100 anos de existência do cinema, o filme épico percorreu praticamente todos os géneros, o que contribuiu para a boa aceitação por parte do público do género e a propagação do mesmo ao longo do tempo e que em pleno século XXI, alguns dos maiores sucessos de bilheteira sejam épicos, basta lembrar o sucesso e a onda de entusiasmo gerada pelos três filmes de "O Senhor dos Anéis (Peter Jackson, 2001-2003) ou "Avatar" (James Cameron, 2009) para só citar os mais recentes sucessos de bilheteira..
   O filme épico continua a ser produzido, apesar de nos dias de hoje se usarem na maior parte dos casos imagens geradas por computador em vez do exército de extras que se utilizavam há 50 ou 60 anos atrás.
   Em 2006, num daqueles raros momentos de brilhantismo cinematográfico, os filmes Épicos foram reconhecidos e consagrados quanto à sua importância, numa  montagem exibida durante a cerimónia dos Oscares desse ano.



Nota: Todas as imagens  que ilustram este texto foram retiradas da Internet

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Black Sabbath - Entre o Céu e o Inferno II

                      II - Uma Segunda Vida e as incertezas do futuro (1980 - .... )








  
   A  década de 80, viria a encontrar um Tommi Iommi desanimado e sem força para continuar o projecto Black Sabbath. Em 1979 vira-se forçado a despedir Ozzy Osbourne devido á sua forte dependência das drogas e do álcool.
   Foi Sharon Arden (futura Sra.Osbourne) quem sugeriu o nome do substituto de Osbourne para voz do grupo.  Ela indicou o nome de Ronnie James Dio, ex-vocalista do grupo Rainbow. Foi em Junho de 1979 que Dio fez os primeiros ensaios com o grupo e a escrever temas para um novo álbum. Com um estilo vocal diferente de Ozzy, o novo vocalista trouxe mudanças ao som do grupo e também nos concertos ao vivo onde Dio introduziu os "Cornos do Metal", um gesto supersticioso que, segundo o vocalista se destinava a afastar todo o Mau Olhado, e que se viria a popularizar na música, particularmente nos concertos de heavy metal.
   Sem Geezer Butler, que temporariamente saiu do grupo e foi substituido por Geoff Nicholls, o grupo entra em estúdio em Novembro de 1979 para gravar novo álbum. "Heaven and Hell" seria editado em Abril de 1980 e aclamado pela crítica e público que já desesperava por ouvir um álbum à Black Sabbath. Temas como "Neon Knights", "Die Young" ou o próprio tema-título, marcam o regresso ao mais puro som do grupo e tornaram-se emblemáticos em qualquer concerto ao lado dos outros temas do grupo, agora interpretados com outra voz e arranjos diferentes. O àlbum chegou a número 9 na Inglaterra e número 28 nos Estados Unidos. Desde "Sabotage" que um álbum do grupo não vendia tão bem. Com  novo alento, Butler regressara entretanto e Nicholls passou a dar apoio nos teclados, embarcaram numa tounée mundial a começar na Alemanha com Dio a estrear-se a 17 de Abril. Mas este estado de graça não iria durar muito tempo. Em Agosto de 1980, depois de um concerto na leg americana, Bill Ward é despedido do grupo por dependência do álcool e substituído durante o resto da tournée por Vinnie Appice.
   Em Fevereiro de 1981, depois de terminada a tournée de "Heaven and Hell", o grupo entra em estúdio para começar a trabalhar no material do álbum seguinte.
Black Sabbath em 1980-82
     Em Outubro do mesmo ano "Mob Rules" é editado e bem recebido pelos fans, mas já a crítica olhou-o de esguelha. O álbum foi Disco de Ouro e chegou a número 10 nos tops de Inglaterra. Os  dois tema-fortes do álbum são composições de Dio, "The Sign of the Southern Cross" e "Mob Rules" reflectem o bom andamento desta nova fase do grupo. Durante todo o ano de 1982 andam em tournée e começam a pensar em gravar um álbum ao vivo.
   Em 1980 uma editora tinha pegado em algumas gravações de concertos de 1973 e tinha lançado um álbum-pirata intitulado "Live at Last" sem o conhecimento ou autorização dos membros do grupo. A verdade é que o álbum vendeu bem, apesar da fraca qualidade do som. Aproveitando alguns concertos americanos gravados e filmados durante a tournée de suporte a "Mob Rules", o grupo decide então lançar o tão aguardado álbum ao vivo. É durante o processo de misturas do álbum que as tensões entre Ronnie James Dio e Tommi Iommi, resultantes num problema de liderança em que o primeiro acusa o segundo de desonestidade para com ele relacionado com as fotografias escolhidas para ilustrar o álbum e em que o guitarrista aparecia destacado do vocalista e do resto do grupo (de resto os nomes de Tommi Iommi e Geezer Butler aparecem dum lado e os de Dio e Vinnie Appice do outro) o que, na opinião de Dio era uma completa desconsideração para consigo, aumentam e levam a que o vocalista abandone o grupo levando consigo Vinnie Appice em Novembro de 1982.
    "Live Evil" é editado em Janeiro de 1983 mas passa quase despercebido porque Ozzy Osbourne tinha editado "Speak of the Devil", um álbum ao vivo constituído unicamente por canções da sua passagem pelos Black Sabbath e que foi  Disco de Platina, cinco meses antes. "Live Evil" acaba por ser um um excelente documento da força dos Black Sabbath ao vivo e tem uma das mais bonitas e originais capas do grupo. Nela vê-se um desembarque numa praia, em  noite de tempestade, duma série de figuras que são nada mais, nada menos do que ilustrações dos temas que preenchem o álbum.
O gesto que tanta fama deu a Dio
   Mas a vida tinha de continuar e os dois membros restantes, começaram a procurar novo vocalista e dos muitos cantores que foram ouvidos, Tommi Iommi e Geezer Butler acabaram por escolher Ian Gillan, ex-vocalista dos Deep Purple em Dezembro de 1982. Era para ser um projecto musical novo, mas pressões da editora, levaram a banda a manter o nome. Em Junho de 1983, vão para estúdio, e com eles vai um regressado e sóbrio Bill Ward para a bateria mas que avisa que ainda não está devidamente preparado para suportar as pressões da estrada e na tournée seguinte será substituido por Bev Bevan, ex- Electric Light Orchestra. "Born Again", o álbum seguinte será devastado pela crítica  e recebido a medo pelo público que receia que a mistura entre Black Sabbath e Ian Gillan fosse não resulte lá muito bem. Apesar da recepção algo negativa, o álbum chegou a número 4 no top britãnico e a um mero número 39 no top americano. A tournée duraria até Março de 1984 quando Ian Gillan abandona o grupo para se juntar a uns reformulados Deep Purple. Uma vez mais Black Sababth estava sem vocalista e também sem baterista porque Bevan seguiu as mesmas pisadas de Gillan. Tommi Iommi decide dar umas merecidas férias ao grupo e dedicar-se a projectos a solo.

No Live Aid em 1985
   O grupo   voltaria a reunir-se em inúmeras ocasiões no futuro. A primeira seria a 13 de Junho de 1985 no histórico "Live Aid"de Bob Geldof e marcou a primeira vez que a formação original tocava junta desde 1978. Foram momentos de grande emoção, não só entre os músicos, como também para o público, que serviram para mostrar que , quando quisesse, Ozzy teria sempre um lugar no grupo. De volta aos seus projectos, Tommi Iommi gravou "Seventh Star", editado em Janeiro de 1986, que era inicialmente um projecto a solo mas que acabou por se tornar num álbum de Black Sabbath.
   Durante a segunda metade da década de 80 e na década de 90, o grupo nunca conseguiu manter uma formação por mais do que um ano, assim como nunca conseguiu voltar ao auge que tinha sido a década de 70.
    Entre 1987 e 1995 gravaram seis álbuns de originais com várias formações nas quais o único membro que se manteve desde o inicio foi Tommi Iommi que várias vezes deu o projecto Black Sabbath por encerrado e dedicou-se á produção e ao lançamento de outros músicos. Participou em vários álbuns de amigos, entre os quais Brian May, guitarrista  dos Queen que ainda o convidou a alinhar em palco com os restantes membros do grupo no concerto-tributo a Freddie Mercury (falecido em 1991) que teve lugar nos estádio de Wembley em 1992.
Black Sabbath em 1998 no concerto "Reunion"
     Após "Forbidden", último álbum de originais de Black Sabbath editado em 1995 e que foi um grande fracasso de vendas, Iommi suspende o projecto em 1997 para o reactivar  logo em 1998 com os restantes três elementos da formação original para uma série de concertos em Birmingham, sua cidade natal. O grupo gravou dois dos três espectáculos agendados que resultaram em  "Reunion", um duplo álbum ao vivo onde o melhor da formação original de Black Sabbath em palco veio á superfície. Foi número 11 na Inglaterra e Disco de Platina nos Estados Unidos. O tema "Iron Man" deu ao grupo o seu primeiro e único Grammy para Melhor Performance de Heavy Metal ao vivo em 2000, 30 anos depois do tema ter sido editado.  Para os fans foi o reencontro com o melhor do grupo e com um extra: o álbum trazia dois originais de estúdio o que deixava antever um novo álbum do grupo, hipótese que se manteve até meados de 2001 quando Ozzy abandona uma vez mais o grupo para ultimar temas do seu próximo álbum a solo. Caía por terra a esperança de um novo álbum do grupo.
   Em 2005 o grupo foi incluído no "Hall of Fame" da música Britânica e em 2006 entraram no "Hall of Fame do Rock" nos Estados Unidos.
    2007 viu sair a colectãnea "Black Sabbath: The Dio Years" que reunia material dos álbuns em que Ronnie James Dio tinha participado. Sanadas que estavam as questões que os tinham afastado no passado, Iommi e Dio reunem a formação desses tempos e embarcam numa nova tournée  a que chamaram "Heaven & Hell" e que decorreu durante alguns meses, no final houve especulação sobre um novo álbum do grupo que  estaria na forja já que durante os concertos o grupo tinha tocado temas inéditos. No final do ano o grupo confirma que vai entrar em estúdio e gravar um novo álbum e  a formação será a mesma dos tempos de "Heaven and Hell" e "Mob Rules".
    Em 2008 é anunciado o nome do novo álbum do grupo "The Devil You Know" e fala-se numa nova tournée . mas um processo legal interposto por Ozzy aos restantes membros do grupo por uso abusivo do nome deixa o  novo álbum em "stand-by mode" até 2010 quando se conclui o processo.
   A morte de Ronnie James Dio, ocorrida a 16 de Maio de 2010, inviabiliza a tournée e o lançamento desse último álbum e veio uma vez mais adiar  nova junção dos membros da banda.
   Apesar de terem passado por muitas formações e mudanças de estilo musical, a sua sonoridade macabra e sinistra e as suas letras negras, marcaram uma época e, contrastando com a música popular da década de 70, influenciaram muito o género e são responsáveis pelo surgimento de novos sub-géneros do heavy metal como o black metal, o doom metal ou o stone metal e foram também os primeiros a transformar música gótica num género musical,   e as bandas que surgiram depois deles dentro desses sub-géneros, sem terem recebido muito  tempo de antena nas ondas aéreas da rádio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Black Sabbath - Entre o Céu e o Inferno I

                                        I - Anos de Ouro (1969-1979)








    Quando se fala de Hard Rock ou na sua mutação seguinte, o Heavy Metal, o nome de Black Sabbath é muitas vezes citado, ao lado do dos Led Zeppelin ou até dos Deep Purple, como sendo um dos grupos pioneiros  que ajudaram a definir o género.
    O embrião dos Black Sabbath surgiu em 1966 em Aston, Birmingham, na Inglaterra. Tony Iommi, guitarrista e Bill Ward, baterista, cruzam-se com Ozzy Osbourne, um antigo colega de Iommi. Ao saberem que ele cantava, resolvem, os três, formar uma banda musical. Juntamente com outros dois amigos, com quem Ozzy costumava tocar nos pubs, formam os "Polka Tulk Blues Band", ao fim de algum tempo, encurtam o nome para "Polka Turk" que se transforma, mais tarde, nos "Earth". Mas, em 1969, descobrem que estão a ser confundidos com outro grupo e decidem, uma vez mais, mudar de nome.
A Origem do nome do grupo
   A escolha do novo nome partiu de Geezer Butler, baixista, que entrara para o grupo ainda na altura dos "Polka Turk", que vira um filme de 1963 intitulado "I Tre Volti Della Paura - As Três Faces do Medo", com Boris Karloff e realizado por Mario Bava,  que fora exibido em Inglaterra com o nome de "Black Sabbath" e que, pela originalidade, foi aceite imediatamente. Inspirados pelo nome escolhido e por um sonho de Butler, em que este via um encapuçado junto da sua cama, ele e Ozzy escrevem uma canção intitulada "Black Sabbath". O tom ameaçador da música, a voz desesperada de Ozzy, associadas a uma letra sinistra, conduziram o grupo em direcção a sonoridades mais negras em contraste com o som dominante do "Flower Power", musica folk e a cultura Hippie do final da década de 60. Decidiram então focar-se nesta temática negra, numa tentativa de criar o equivalente musical aos filmes de terror.
Capa do primeiro álbum do grupo
   O primeiro álbum do grupo, intitulado "Black Sabbath" foi editado a uma sexta-feira 13, em fevereiro de 1970, foi um grande sucesso, chegando a número 8 nas tabelas inglesas. temas como "Black Sabbath", "The Wizard" ou "N.I.B.", foram, por muitos, considerados como a inauguração de um rock pesado, mais original, mais denso, completamente diferente do hard/heavy  que era produzido por outras bandas. A temática sombria das letras, com referências a demónios e ocultismo, não tardou a criar alguma polémica em torno do grupo e levou a que grupos associados com essas mesmas temáticas, os convidassem a participar em missas negras e outros rituais. O grupo viu-se na necessidade ir à televisão explicar que nada tinham a ver com aqueles rituais e que apenas tinham escolhido o nome por ser diferente e nos concertos todos os elementos usavam crucifixos pendurados para não serem associados a tais organizações.
   Para aproveitar o sucesso obtido com o primeiro disco, após uma pequena tounée, o grupo volta ao estúdio em Junho de 1970 para gravar o segundo álbum, que só será editado em Janeiro do ano seguinte devido a questões relacionadas com o título, que inicialmente era para ser "War Pigs", cujo tema-título era uma crítica feroz à guerra do Vietname. A editora mudou o nome do álbum para "Paranoid" quase na véspera do lançamento e o tema foi escrito no último dia de gravações. Ao contrário do seu antecessor, o som do grupo virou-se para temas mais comuns como guerra ou ficção científica. Canções como "Electric Funeral", Iron Man", "War Pigs" ou o próprio "Paranoid"  são representativos desta nova direcção musical e fizeram com que o álbum fosse o maior sucesso comercial do grupo.
     Entre concertos de um lado e de outro do Atlãntico, o grupo entra, em Fevereiro de 1971,  novamente em estúdio e grava o terceiro álbum, "Master of Reality", que é editado em Julho do mesmo ano. Este é provavelmente o álbum mais obscuro e introspectivo do grupo, num quase regresso ás temáticas de "Black Sabbath", que são mostradas em temas como "Sweet Leaf", "Lord of this World" ou "Into the Void". Surgem aqui também os primeiros temas acústicos do grupo. O álbum foi um sucesso de vendas notável e levou o grupo finalmente a uma tournée mundial, após a qual o grupo teve direito a uma férias merecidas após três anos consecutivos entre concertos e a gravação de álbuns. Porém, incapazes de estar muito tempo parados, o ano não haveria de terminar sem um novo trabalho do grupo.
O princípio da mudança sonora do grupo
      "Black Sabbath Vol.4" assim se chamou  o trabalho seguinte e viu a luz do dia, por entre inúmeros problemas dentro do grupo relacionados com uso e abuso de drogas, em Setembro de 1972. Chegou a aparecer com o título de "Snowblind", tema relacionado com o uso de cocaína e hoje um dos hinos do grupo,   mas a companhia discográfica acabou por lhe mudar o título para "Black Sabbath Vol.4" contra vontade dos elementos do grupo, que o acharam ridículo pelo facto de não existirem os Volumes 1, 2 e 3. Recebido com algum desdém pela crítica, atingiu o Disco de Ouro por vendas acima 500.000 cópias em menos de um mês após o lançamento e foi o quarto álbum consecutivo da banda a conseguir tal facto. Com mais tempo de estúdio, o grupo pode finalmente experimentar novas texturas, como piano, cordas e orquestrações. O tema "Changes", universalmente ligado ao grupo foi o melhor exemplo destas novas experiências. A voz cristalina de Ozzy, acompanhado pelo piano de Spock Wall, que é um pseudónimo de Rick Wakeman, teclista do grupo Yes,  fez e ainda faz as delícias dos fans. "Tomorrow's Dream", "Snowblind", "Wheels of Confusion" são alguns dos temas que pontuam neste álbum onde o grupo se mantém fiel ao seu som. "Under The Sun" é o tema que encerra o disco, é um tema magnifico com um final espectacular e denota  alguma influência de Rock Progressivo. Segue-se nova tounée mundial com muitas datas nos Estados Unidos e primeiros concertos na Austrália e Nova Zelândia durante o ano de 1973. O álbum seguinte do grupo só  veria a luz do dia em Dezembro...para os fans foi uma espera interminável, mas valeria bem a pena!
A Obra-Prima  
    Com uma série de arranjos complexos que integraram cordas  e sintetizadores, envolvido numa atmosfera ainda mais tendencialmente progressiva, "Sabbath Bloody Sabbath" recebeu, pela primeira vez críticas muito positivas e foi unanimemente considerado como a obra-prima do grupo. O álbum contou novamente com a participação de Spock Wall (Rick Wakeman) em temas como "Spiral Architect", "A National Acrobact" ou "Who are You", que são marcadamente temas de Rock Progressivo, enquanto que temas como "Sabbath Bloody Sabbath" ou "Killling Yoursef to Live" mantinham viva a veia mais heavy metal do grupo. O álbum contém ainda "Fluff" a mais bonita peça instrumental do grupo. O álbum foi um triunfo absoluto para o grupo, além de chegarem ao "Disco de Platina", com mais de um milhão de venda a nível internacional, o álbum foi número quatro em Inglaterra e número onze nos Estados Unidos. O grupo nunca mais conseguiu igualar este álbum que é considerado um dos 100 melhores álbuns da história do rock.
   Em 1975, depois duma extensa tounée mundial que durou todo o ano de 1974 e onde se revelaram as primeiras querelas dentro do grupo, entraram em estúdio para gravar novo álbum. Desta vez queriam fazer algo diferente, queriam um álbum de rock puro e duro. Assim nasceu "Sabotage" que, apesar de manter o grupo na boa opinião dos críticos e de alguns temas fortes como "Am I Going Insane", "Hole in the Sky" ou "Symptom of the Universe", não foi mais longe que um modesto número 20 em ambos os lados do Atlântico, a que uma tounée encurtada por um acidente de mota de Ozzy, também não ajudou.
   1976 viu nascer "Techical Ecstacy" com o qual o grupo pretendia redimir-se do fracasso que fora o álbum anterior. Mas parecia que o grupo tinha perdido o som agressivo e sombrio que caracterizara os primeiros álbuns em troca de uma maior utilização de sintetizadores e um som mais flexível, do qual só se aproveitou o tema "Dirty Women" e a surpresa que é ouvir Bill Ward a cantar o tema "It's Alright". Pela segunda vez na sua carreira, o grupo não consegue atingir Disco de Ouro. Mesmo assim entre Novembro de 1976 e Abril de 1977, o grupo faz concertos na Europa e estados Unidos. Com cisões cada vez maiores dentro do grupo e enquanto ensaiavam para o que seria o seu próximo álbum, Ozzy Osboune abandona o grupo devido a problema pessoas, familiares e a uma cada vez maior dependência de álcool e drogas deixando temporariamente os Black Sabbath sem vocalista e á deriva . Dave walker, ex-vocalista dos Fleetwood Mac, é contratado em Outubro de 1977 para substituir Osbourne e o grupo recomeça a trabalhar em novas canções. Mas em Janeiro de 1978 um arrependido Ozzy regressa, três dias apenas antes do grupo entrar em estúdio para gravar um novo álbum.
   O grupo passou então cinco meses consecutivos em estúdio a gravar "Never say Die!" que foi lançado em Setembro de 1978 contra uma resposta negativa quer da crítica quer do público que consideraram o álbum um desvio absoluto do som que o grupo tinha, apesar de temas como "Junior's Eyes", "Hard Road" ou o tema -título, o único a fazer justiça ao bom nome do grupo e levaria mais de 20 anos até o álbum receber "Disco de Ouro". A tounée de suporte ao álbum começara em Maio e duraria até Dezembro, mas eram visíveis as tensões dentro do grupo com Ozzy cada vez mais afastado dos restantes membros e com os quais faria um último concerto no Novo México a 11 de Dezembro. Em 1979 Ozzy foi despedido do grupo por uso abusivo de drogas e álcool. Era o fim anunciado de um dos grupos mais marcantes da música.

                                                            (Continua)
                                                                                                                                                                                                    
 
 Nota: Todas as imagens vídeos que ilustram este texto foram retirados da Internet                                                                                                  
 
 

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