sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Black Sabbath - Entre o Céu e o Inferno II

                      II - Uma Segunda Vida e as incertezas do futuro (1980 - .... )








  
   A  década de 80, viria a encontrar um Tommi Iommi desanimado e sem força para continuar o projecto Black Sabbath. Em 1979 vira-se forçado a despedir Ozzy Osbourne devido á sua forte dependência das drogas e do álcool.
   Foi Sharon Arden (futura Sra.Osbourne) quem sugeriu o nome do substituto de Osbourne para voz do grupo.  Ela indicou o nome de Ronnie James Dio, ex-vocalista do grupo Rainbow. Foi em Junho de 1979 que Dio fez os primeiros ensaios com o grupo e a escrever temas para um novo álbum. Com um estilo vocal diferente de Ozzy, o novo vocalista trouxe mudanças ao som do grupo e também nos concertos ao vivo onde Dio introduziu os "Cornos do Metal", um gesto supersticioso que, segundo o vocalista se destinava a afastar todo o Mau Olhado, e que se viria a popularizar na música, particularmente nos concertos de heavy metal.
   Sem Geezer Butler, que temporariamente saiu do grupo e foi substituido por Geoff Nicholls, o grupo entra em estúdio em Novembro de 1979 para gravar novo álbum. "Heaven and Hell" seria editado em Abril de 1980 e aclamado pela crítica e público que já desesperava por ouvir um álbum à Black Sabbath. Temas como "Neon Knights", "Die Young" ou o próprio tema-título, marcam o regresso ao mais puro som do grupo e tornaram-se emblemáticos em qualquer concerto ao lado dos outros temas do grupo, agora interpretados com outra voz e arranjos diferentes. O àlbum chegou a número 9 na Inglaterra e número 28 nos Estados Unidos. Desde "Sabotage" que um álbum do grupo não vendia tão bem. Com  novo alento, Butler regressara entretanto e Nicholls passou a dar apoio nos teclados, embarcaram numa tounée mundial a começar na Alemanha com Dio a estrear-se a 17 de Abril. Mas este estado de graça não iria durar muito tempo. Em Agosto de 1980, depois de um concerto na leg americana, Bill Ward é despedido do grupo por dependência do álcool e substituído durante o resto da tournée por Vinnie Appice.
   Em Fevereiro de 1981, depois de terminada a tournée de "Heaven and Hell", o grupo entra em estúdio para começar a trabalhar no material do álbum seguinte.
Black Sabbath em 1980-82
     Em Outubro do mesmo ano "Mob Rules" é editado e bem recebido pelos fans, mas já a crítica olhou-o de esguelha. O álbum foi Disco de Ouro e chegou a número 10 nos tops de Inglaterra. Os  dois tema-fortes do álbum são composições de Dio, "The Sign of the Southern Cross" e "Mob Rules" reflectem o bom andamento desta nova fase do grupo. Durante todo o ano de 1982 andam em tournée e começam a pensar em gravar um álbum ao vivo.
   Em 1980 uma editora tinha pegado em algumas gravações de concertos de 1973 e tinha lançado um álbum-pirata intitulado "Live at Last" sem o conhecimento ou autorização dos membros do grupo. A verdade é que o álbum vendeu bem, apesar da fraca qualidade do som. Aproveitando alguns concertos americanos gravados e filmados durante a tournée de suporte a "Mob Rules", o grupo decide então lançar o tão aguardado álbum ao vivo. É durante o processo de misturas do álbum que as tensões entre Ronnie James Dio e Tommi Iommi, resultantes num problema de liderança em que o primeiro acusa o segundo de desonestidade para com ele relacionado com as fotografias escolhidas para ilustrar o álbum e em que o guitarrista aparecia destacado do vocalista e do resto do grupo (de resto os nomes de Tommi Iommi e Geezer Butler aparecem dum lado e os de Dio e Vinnie Appice do outro) o que, na opinião de Dio era uma completa desconsideração para consigo, aumentam e levam a que o vocalista abandone o grupo levando consigo Vinnie Appice em Novembro de 1982.
    "Live Evil" é editado em Janeiro de 1983 mas passa quase despercebido porque Ozzy Osbourne tinha editado "Speak of the Devil", um álbum ao vivo constituído unicamente por canções da sua passagem pelos Black Sabbath e que foi  Disco de Platina, cinco meses antes. "Live Evil" acaba por ser um um excelente documento da força dos Black Sabbath ao vivo e tem uma das mais bonitas e originais capas do grupo. Nela vê-se um desembarque numa praia, em  noite de tempestade, duma série de figuras que são nada mais, nada menos do que ilustrações dos temas que preenchem o álbum.
O gesto que tanta fama deu a Dio
   Mas a vida tinha de continuar e os dois membros restantes, começaram a procurar novo vocalista e dos muitos cantores que foram ouvidos, Tommi Iommi e Geezer Butler acabaram por escolher Ian Gillan, ex-vocalista dos Deep Purple em Dezembro de 1982. Era para ser um projecto musical novo, mas pressões da editora, levaram a banda a manter o nome. Em Junho de 1983, vão para estúdio, e com eles vai um regressado e sóbrio Bill Ward para a bateria mas que avisa que ainda não está devidamente preparado para suportar as pressões da estrada e na tournée seguinte será substituido por Bev Bevan, ex- Electric Light Orchestra. "Born Again", o álbum seguinte será devastado pela crítica  e recebido a medo pelo público que receia que a mistura entre Black Sabbath e Ian Gillan fosse não resulte lá muito bem. Apesar da recepção algo negativa, o álbum chegou a número 4 no top britãnico e a um mero número 39 no top americano. A tournée duraria até Março de 1984 quando Ian Gillan abandona o grupo para se juntar a uns reformulados Deep Purple. Uma vez mais Black Sababth estava sem vocalista e também sem baterista porque Bevan seguiu as mesmas pisadas de Gillan. Tommi Iommi decide dar umas merecidas férias ao grupo e dedicar-se a projectos a solo.

No Live Aid em 1985
   O grupo   voltaria a reunir-se em inúmeras ocasiões no futuro. A primeira seria a 13 de Junho de 1985 no histórico "Live Aid"de Bob Geldof e marcou a primeira vez que a formação original tocava junta desde 1978. Foram momentos de grande emoção, não só entre os músicos, como também para o público, que serviram para mostrar que , quando quisesse, Ozzy teria sempre um lugar no grupo. De volta aos seus projectos, Tommi Iommi gravou "Seventh Star", editado em Janeiro de 1986, que era inicialmente um projecto a solo mas que acabou por se tornar num álbum de Black Sabbath.
   Durante a segunda metade da década de 80 e na década de 90, o grupo nunca conseguiu manter uma formação por mais do que um ano, assim como nunca conseguiu voltar ao auge que tinha sido a década de 70.
    Entre 1987 e 1995 gravaram seis álbuns de originais com várias formações nas quais o único membro que se manteve desde o inicio foi Tommi Iommi que várias vezes deu o projecto Black Sabbath por encerrado e dedicou-se á produção e ao lançamento de outros músicos. Participou em vários álbuns de amigos, entre os quais Brian May, guitarrista  dos Queen que ainda o convidou a alinhar em palco com os restantes membros do grupo no concerto-tributo a Freddie Mercury (falecido em 1991) que teve lugar nos estádio de Wembley em 1992.
Black Sabbath em 1998 no concerto "Reunion"
     Após "Forbidden", último álbum de originais de Black Sabbath editado em 1995 e que foi um grande fracasso de vendas, Iommi suspende o projecto em 1997 para o reactivar  logo em 1998 com os restantes três elementos da formação original para uma série de concertos em Birmingham, sua cidade natal. O grupo gravou dois dos três espectáculos agendados que resultaram em  "Reunion", um duplo álbum ao vivo onde o melhor da formação original de Black Sabbath em palco veio á superfície. Foi número 11 na Inglaterra e Disco de Platina nos Estados Unidos. O tema "Iron Man" deu ao grupo o seu primeiro e único Grammy para Melhor Performance de Heavy Metal ao vivo em 2000, 30 anos depois do tema ter sido editado.  Para os fans foi o reencontro com o melhor do grupo e com um extra: o álbum trazia dois originais de estúdio o que deixava antever um novo álbum do grupo, hipótese que se manteve até meados de 2001 quando Ozzy abandona uma vez mais o grupo para ultimar temas do seu próximo álbum a solo. Caía por terra a esperança de um novo álbum do grupo.
   Em 2005 o grupo foi incluído no "Hall of Fame" da música Britânica e em 2006 entraram no "Hall of Fame do Rock" nos Estados Unidos.
    2007 viu sair a colectãnea "Black Sabbath: The Dio Years" que reunia material dos álbuns em que Ronnie James Dio tinha participado. Sanadas que estavam as questões que os tinham afastado no passado, Iommi e Dio reunem a formação desses tempos e embarcam numa nova tournée  a que chamaram "Heaven & Hell" e que decorreu durante alguns meses, no final houve especulação sobre um novo álbum do grupo que  estaria na forja já que durante os concertos o grupo tinha tocado temas inéditos. No final do ano o grupo confirma que vai entrar em estúdio e gravar um novo álbum e  a formação será a mesma dos tempos de "Heaven and Hell" e "Mob Rules".
    Em 2008 é anunciado o nome do novo álbum do grupo "The Devil You Know" e fala-se numa nova tournée . mas um processo legal interposto por Ozzy aos restantes membros do grupo por uso abusivo do nome deixa o  novo álbum em "stand-by mode" até 2010 quando se conclui o processo.
   A morte de Ronnie James Dio, ocorrida a 16 de Maio de 2010, inviabiliza a tournée e o lançamento desse último álbum e veio uma vez mais adiar  nova junção dos membros da banda.
   Apesar de terem passado por muitas formações e mudanças de estilo musical, a sua sonoridade macabra e sinistra e as suas letras negras, marcaram uma época e, contrastando com a música popular da década de 70, influenciaram muito o género e são responsáveis pelo surgimento de novos sub-géneros do heavy metal como o black metal, o doom metal ou o stone metal e foram também os primeiros a transformar música gótica num género musical,   e as bandas que surgiram depois deles dentro desses sub-géneros, sem terem recebido muito  tempo de antena nas ondas aéreas da rádio.

1 comentário:

  1. E fica ainda a curiosidade de que quando Ian Gillan e os Sabbath se juntaram, uma das coisas que a crítica não gostou foi da sonoridade e designaram o grupo como uma espécia de "Deep Sabbath": ou seja uma junção dos Deep Purple com os Black Sabbath, num sentido que visava destruir qualquer hipótese de um novo estilo de som. Pena é que essa junção não tenha produzido mais trabalhos, porque a sonoridade até nem era assim tão má, como muitos quiseram fazer crer. Um abraço.

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