sábado, 18 de junho de 2011

Morris L. West, Uma vida literária

   Desde muito novo, Morris Langlo West, nascido em 1916 em Melbourne, na Austrália, filho mais velho de seis irmãos, sentiu uma propensão para contar histórias, propensão herdada dos seus pais, principalmente da sua mãe. Durante a sua infância, enquanto estudava num colégio interno, contactou com a religião católica, através da ordem religiosa "Christian Brothers", pondo-se em contacto com o espírito religioso dessa ordem que irá servir durante algum tempo. Terminado o ensino oficial, ingressa na Universidade de Melbourne onde se licencia em 1937. Durante alguns anos dá aulas em vários locais.
   Durante a II Guerra Mundial, West serviu nas forças Australianas no Corpo de Comunicações colocado no Pacifíco sul. Foi durante esta estadia que ele escreveu o seu primeiro romance "A Moon in My Pocket" (1945), baseado nas suas experiências na ordem religiosa, que publicará sob o pseudónimo de Julian Morris, um dos vários que utilizará na sua carreira. O romance, ao questionar práticas religiosas, tornar-se á um sucesso de vendas. Depois de ser disponibilizado do exército, Morris West  foi escriturário, radialista e jornalista, profissões que desempenhou com paixão onde obteve sucesso. Em 1955 abandona a Austrália, indo viver para diversos sítios, passando pela Aústria, Itália, Inglaterra e Estados Unidos da América, para prosseguir a sua carreira de escritor.
   Após a publicação do seu primeiro romance, West sente-se motivado a prosseguir esta nova carreira  e publica, entre 1955 e 1998, mais vinte e oito romances, entre os quais se destacam "Gallows on the Sand" (O Tesouro, 1956), "The Big Story" (A Conspiração, 1957), "Devil's Advocate" (O Advogado do Diabo, 1959), "Daughter of Silence" (A Filha do Silêncio, 1961), "The Shoes of the Fisherman" (As Sandálias do Pescador, 1963), "Cassidy" (Cassidy, 1986), "The Ringmaster" (O Mestre de Cerimónias, 1991), entre outros. os seus romances venderam, no total, perto de 70 milhões de cópias em todo o mundo, estão traduzidas em inúmeras línguas, fazendo de Morris West um nome internacionalmente reconhecido.
   Abordando temas muitas vezes considerados polémicos como o nascimento de um novo Fascismo em Itália em "Salamander" (A Salamandra, 1973), a guerra do Vietname em "The Ambassador" (O Embaixador, 1965), o conflito entre Israel e os países Árabes em "Tower of Babel" ( Conflito no Médio Oriente, 1968), todos os seus livros eram percorridos por uma grande questão: quando tantas organizações usam a violência extrema para atingir os seus fins, quando e em que circunstâncias será moralmente aceitável responder com violência? West costumava dizer que todos os seus livros tratavam de um  aspecto da vida, ou seja, o dilema em que, mais tarde ou mais cedo, estamos perante uma situação daquelas que ninguém sabe o que fazer. Reflectida também em alguma da sua obra  estava a sua fé católica, principalmente nos romances religiosos em que ansiava por uma igreja onde o perdão estivesse primeiro que o castigo.
   Na sua obra encontramos também algo de ficção cientifica e de profético. No primeiro situamos "The Navigator" (O Navegante, 1976) onde uma expedição procura localizar uma ilha desconhecida onde, segunda as lendas, repousavam os grandes navegadores de outrora e "The Clowns of God" (Os Palhaços de Deus, 1981), cuja acção se passa algures no final do século XX. No segundo encontramos "The Ringmaster" (O Mestre de Cerimónia, 1991), onde West antecipa no tempo o desmembramento da União Soviética que aconteceria alguns anos depois e "The Shoes of the Fisherman" (As Sandálias do Pescador), publicado pouco tempo antes da morte do Papa João XXIII, em que em que o escritor antevê a eleição de um Papa de leste...15 anos antes disso acontecer realmente! com este livro, Morris West dava inicio à chamada "Trilogia do Vaticano" que continuou com "Os Palhaços de Deus", que conta a história de um Papa que resigna ao seu Papado por acreditar que o fim do mundo e o Segundo Advento de Cristo estão prestes a acontecer, terminando com "Lazarus" (Lázaro, 1990) em que o Papa reinante é submetido a um "bypass" e transforma-se radicalmente em outro homem.
O maior sucesso literário de Morris West
   Morris West chegou á fama mundial com " O Advogado do Diabo", que foi o seu maior sucesso de vendas. A história do processo de canonização de Giacomo Nerone, um resistente italiano massacrado pelos comunistas Italianos no final da II Guerra Mundial, venerado como um santo pelo povo da sua aldeia e da investigação levada a cabo pela Igreja Católica feita por um padre Britânico que, quer queira quer não, será o Advogado do Diabo em todo o processo, cativou o público, também a crítica literária e deu ao seu autor inúmeros prémios. Muitos estudiosos da obra do autor consideram este livro como parte integrante da série sobre o vaticano, na qual também se deve incluir "Eminence" (Eminência, 1998) com o qual West continua a sua análise do Papado e do Vaticano. Foi o último romance publicado em vida pelo autor. Faleceu em 1999 aos 83 anos de idade.
O romance inacabado de Morris West
   Em 2000 a familia do autor decide editar o seu último romance inacabado, sem nenhuma edição de modo a deixar à imaginação do leitor como é que poderia terminar. "The Last Confession" ( A Última Confissão) conta a história dos últimos dias de Giordano Bruno, um monge dominicano aprisionado e torturado pelo Santo Ofício da Inquisição. Escrito sob a forma de um diário que pretendia cobrir o último mês de vida do monge, por morte de West durante a sua escrita, acaba por só cobrir uns escassos 14 dias.   O prefácio de Thomas Keneally, uma nota do seu editor e um epílogo co-escrito pelo seu assistente e pela sua viúva terminam a obra de um dos grandes contadores de histórias do século XX.
   Morris West tinha um lema próprio, ele costumava dizer que escrevia sobre o que pensava que deveria escrever e que se uma coisa lhe interessava, então também deveria interessar a muitas outras pessoas.
Quem somos nós para questionar tal certeza?
   Também o cinema se deixou enfeitiçar pela obra de West e adaptou alguns dos seus romances para o grande écran: logo em 1965 "The Crooked Road também conhecido como The Big Story" realizado por Don Chaffey; em 1968, Michael Anderson fez a mais conhecida (e melhor ) adaptação com "As Sandálias do Pescador", seguiram-se " O Advogado do Diabo"(não confundir com o filme com o mesmo nome protagonizado por Al Pacino em 1997), realizado em 1977 por Guy Green; "Salamander" realizado em 1981 por Peter Zinner; "Naked Country" de Tim Burstall em 1984; "Second Victory" realizado por Gerald Thomas em 1987 e "Cassidy" realizado  em 1989 por Carl Schultz.
   Se exceptuarmos  o filme de Michael Anderson que, além do elenco de luxo que inclui Anthony Quinn, Laurence Olivier, David Janssen, Oskar Werner, entre outros, consegue captar o espírito do romance e da época ( a guerra fria), nenhuma das outras adaptações está ao nível dos romances do escritor que possuem características próprias e difíceis de captar para o grande écran.




Nota: todas as imagens que ilustram o texto foram retiradas da Internet


  

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